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Abstract

“No nosso tempo e contexto, o “contemporâneo” é uma espécie de transe, um espelho

baço para todo os relativismos. Em Portugal ainda estamos a decidir se alguma vez fomos

modernos, e já o “contemporâneo” nos entra em casa como um tsunami.”

O estudo em questão tenta perceber como os arquitectos portugueses, mais concretamente

Álvaro Siza e Eduardo Souto Moura, respondem ao momento de crítica ao Moderno.

A partir da cidade Rossiana invoca-se o universo portuense da década de 70 e 80.

Aldo Rossi é uma personagem determinante para uma nova abordagem da arquitectura e da

cidade. Para este a “ ...lógica de “princípio” inclui a intuição do “fim”...” apontando então para

as constantes da arquitectura. Aquelas constantes que emergem da evocação fragmentada

do passado e que são reutilizadas com novos usos. A cidade de Rossi, concretizada no

contacto de peças independentes, remete a definição da evolução urbana para a História e

para a sua memória.

A arquitectura enquanto ordem e abstracção não impede uma evolução autónoma de cada

cidade. O conhecimento da evolução da arquitectura permite afirmar a importância essencial

da acção do Tempo. As marcas da passagem do tempo são testemunho da evolução das

cidades e dos edifícios. O desgaste e a consequente ruína dos edifícios são parte de um

processo de aproximação à Natureza. A ruína enquanto tema e instrumento de projecto é

objecto de análise.

Álvaro Siza na década de 70 supera “... a fase da arquitectura em que se pensava que a unidade

da linguagem resolvia alguma coisa e reconhece a complexidade da cidade constituída por

fragmentos que se adicionam ou sobrepõem.” É neste momento que Siza projecta São

Victor (1974-77) e a Casa Beires na Póvoa de Varzim (1973-76). Como comentário literário,

estes projectos manipulam a modernidade da linguagem, sintetizando a fractura provocada

pela impossibilidade da Modernidade.

Da experiência de colaboração com Siza, Souto Moura parte num percurso pessoal, onde

apreende que a ruína dos edifícios pode tornar-se instrumento e matéria de projecto. Como

metáfora da aproximação à Natureza, Souto Moura utiliza o fragmento, a contradição,

no sentido claro de anunciar e justificar o uso dos materiais e sistemas construtivos da

modernidade.

Subentendida no percurso de Álvaro Siza e Souto Moura encontramos a presença de Távora,

que sendo a própria Arquitectura, anuncia já no Parque da Quinta da Conceição a utilização

da história e dos seus monumentos como instrumento operacional de projecto.

Jorge Figueira, Para Lá do “Contemporâneo” Regressando a Rossi, in J.A. nº 217, p. 51

Jorge Figueira, Para Lá do “Contemporâneo” Regressando a Rossi, in J.A. nº 217, p. 51

Alexandre Alves Costa, Álvaro Siza, p. 27

VII

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