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5.1 - Casa Beires, Póvoa de Varzim, 1973-76
Esta casa, localizada na Póvoa de Varzim, insere-se na malha reticular do plano de expansão
daquela cidade. A encomenda seria, de acordo com a vontade do cliente, para o desenho de
uma casa com um pátio à imagem da casa Rocha Ribeiro (1960-62) (fig. 32). Ao contrário
da estratégia que o arquitecto utiliza no desenho das suas anteriores casas unifamiliares, a
Casa Beires não se fecha para a rua. Aqui, o arquitecto aparentemente aceita trabalhar dentro
daquilo que constitui as regras do plano de expansão daquela área suburbana.
A casa organiza-se segundo um esquema tipológico clássico. No primeiro piso encontram-se
as zonas comuns, incluindo um quarto e entrada de serviço e no piso superior os quartos.
Relativamente ao esquema formal da casa, esta apresenta-se como um volume “...quebrado
sobre um lado, para criar uma ruína abstracta.” 41 O volume original obedece a uma retícula
de 5 metros por 4 metros. No último módulo localizado a poente a retícula de 4 metros
passa a 3 metros. Os quartos e as salas desenvolvem-se em volta do plano ondulado de
vidro voltado para a rua. Como em casas anteriores, Siza desenha a entrada da casa na sua
face lateral, acessível através de um percurso lateral de acesso à garagem. A cozinha e a
sala de comer direccionam-se para as traseiras da casa, assim como a garagem e um anexo
coberto. A nível formal, este anexo faz parte do volume da casa como se uma parte da casa
ficasse presa ao muro. No lado oposto a este anexo o plano ondulado de vidro representa
a fractura da casa. A tipologia é bastante clara, porém no piso superior apresenta variações
tanto ao nível da organização como da forma. Essa variação traduz-se num quarto que tende
a ser escritório e nos quartos organizados de forma radial em relação à cortina de vidro. As
casas de banho deste piso têm as suas paredes interiores arredondadas, à semelhança de Le
Corbusier, para atingir o quarto mais distante do respectivo piso.
O desenho do piso térreo obedece a uma métrica ortogonal até chegar ao momento de ruptura,
quando encontra o plano envidraçado ondulante. A sala, que no volume originário ocuparia
toda a fachada da rua, quando é atingida pela “explosão” fragmenta-se em vários espaços
menores que por sua vez vão-se relacionando com as portadas envidraçadas (à semelhança
da fachada). A posição da escada ocupa o módulo central da fachada nordeste (a entrada)
e é o único elemento que não sofre alterações com a ruptura quando esta atinge o piso dos
quartos. É no piso dos quartos que está expressa a vontade do arquitecto fazer explodir a casa
criando uma fractura. O eixo da parede que suporta o segundo quarto roda adaptando-se
aos novos limites da casa. Este movimento projectual obriga os sanitários, que se localizam
no canto Norte da casa, a adaptarem-se abandonando os seus limites rectos e ortogonais.
A localização do escritório é também resultado desta ruptura possibilitado pela rotação dos
eixos das paredes centrais criando um alargamento adjacente às escadas. Por sua vez este
41 Paulo Martins Barata, Casa Beires - Póvoa de Varzim, 1973-1976, in Álvaro Siza - 1954-1976, p.
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