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bloco de habitações há espaço reservado, (...) para diversas actividades públicas.” As grandes

infraestruturas urbanas como é o caso do aqueduto na Malagueira, podem-se denominar

de “elementos primários” que Rossi define no seu livro “Arquitectura da cidade” como

catalizadores urbanos, sendo semelhantes às igrejas e aos grandes momentos que conformem

à sua volta pólos de localidade.

Apesar das constantes alterações que o Tempo promove, a regra está presente. A ordem

determina as intervenções urbanas necessárias para darem resposta às diferentes necessidades

e mudanças das sociedades.

2.2 - Um caminho para a Natureza - Ordem e composição formal

Da procura da essência na arquitectura surgem dois sistemas formais que ao longo dos tempos

têm sido reutilizados. Estes dois sistemas - aditivo e subtractivo - presentes em todos os

momentos de modernidade, constituem meios de atingir a clareza, o equilíbrio, a harmonia,

enfim a essência, o evidente, o natural, a Natureza. A modernidade deve ser aqui entendida

como atitude intemporal, como Távora a definia, “integração perfeita de todos os elementos

que podem influir na realização de qualquer obra, utilizando todos os meios que melhor

levem à concretização de determinado fim.” Deste modo, o fragmento é parte integrante dos

processos de busca da ordem. Utilizar o fragmento não significa perda de modernidade, mas

um passo necessário para ir de encontro à ordem natural que resulta da acção do Tempo.

Como actuar na matéria? Ou, como é que a arquitectura emerge da matéria?

“...duas espécies de procedimentos de execução: aquele que partindo do exterior,

procura a forma no interior do bloco, e aquele que, partindo da sua estrutura interior e

complementando-a pouco a pouco, conduz a forma à sua plenitude. O desbaste procede

por toques, progressivamente mais próximos, unidos por relações cada vez mais estreitas; o

mesmo se passa como o acrescentamento, e o escultor exclusivamente sensível às relações

entre volumes, ao equilíbrio das massas, por mais indiferente que seja à experimentação e

aos efeitos do modelado, não “tocou” menos a sua estátua: caracteriza-se pela economia de

toque, como outros pela sua prodigalidade.”

Henry Focillon afirma que, na arte, existem dois modos de agir sobre a matéria. Ambos

válidos em abstracto (e a nosso ver aplicáveis ao objecto arquitectural). A subtracção parte

de um exterior sólido e volumétrico e vai aplicando pequenos “desbastes” para atingir a

forma pré-existente no seu interior. A adição consiste no agrupamento de pequenas partes

Álvaro Siza, A Arquitectura mais interessante aparece onde culturas se misturam intensivamente (entrevista

com Álvaro Siza por Dorien Boasson), in Arquitectura e Renovação em Portugal, p. 22

Aldo Rossi, La Arquitectura de la Ciudad, p. 157

Fernando Távora, Arquitectura e Urbanismo - a lição das constantes, p. 9-10

Henry Focillon, A Vida das Formas seguido de Elogio da Mão, p. 67

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