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e gregas, onde as colunas permanecem personificados nos quatro pilares arrancados
e dispostos na entrada poente e dispostos quase casuisticamente tombados. Além destas
colunas tombadas como representação da acção do Tempo, também os muros de pedra
se encontram “arruinados”. Os muros que no primeiro projecto se encontravam inteiros,
apresentam agora faltas de pedras em determinados cantos, reforçando a intervenção do
arquitecto que age representando a acção do Tempo. Estes muros aproximam-se agora do
muro central que desde o início se apresentava em ruína.
Aliada a esta alteração formal, a mudança funcional de mercado para centro cultural trouxe
novas valências funcionais: escola de dança, biblioteca municipal, jardim de infância, casa
de chá e quiosque. A escola de dança situa-se num novo volume coberto por um jardim,
situado a norte, libertando ao invés o espaço das antigas bancadas. O restante programa
localiza-se nas lojas debaixo do percurso superior (exterior).
O Café do Mercado, Braga, 1980 - 1984
Localizado na proximidade da antiga casa da quinta, o café aproveita a força do existente para
se projectar no sentido da periferia urbana. O café está implantado no centro do mercado
onde se localiza uma das entradas, assim como o “muro arruinado”.
Agarra-se à ruína da casa, aproveitando a estabilidade formal da arquitectura popular presente
nas ruínas dessa mesma casa, criando a excepção no lado virado para os campos envolventes:
desenha um plano vertical que marca a entrada. Este plano vertical rebocado contrasta com
o aparelho de pedra da casa e aumenta a escala do edifício. “É fundamentalmente conseguir
a escala pela fachada; que é uma actividade facial e pictórica, muito da arquitectura
portuguesa(...)” 72
Este plano constitui o maior desafio estrutural da obra, uma vez que esta “parede viga”, forte
elemento estrutural mas que, de modo contraditório parece flutuar, tem como únicos apoios
um pilar de betão e um outro metálico.
Dada a simplicidade do programa parece intuitiva a decisão da separação entre o espaço
de café propriamente dito e os espaços de apoio que se “escondem” nas paredes da antiga
casa.
A ruína inventada
No mercado surge a ruína inventada. Esta ruína não sendo uma memória existente, é
desenhada, desenvolvendo-se o projecto a partir desta condição.
Após a recuperação do Gerês em que a memória é fundamental ao projecto, no mercado
72 Eduardo Souto Moura,
Eduardo Souto Moura, A Ambição à Obra Anónima (numa conversa com Eduardo Souto Moura),
in Eduardo Souto Moura, (ed. 2000), p. 31
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