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clínica dentária na Rua do Amial - Porto (1981-83), na casa unifamiliar na rua Miguel Torga
- no Porto (1987-94), e na remodelação de um apartamento em Braga (1989-91)? A ruína é
utilizada como “peça” para desenhar o próprio edifício. Será uma tentativa de conferir um
carácter ao sítio, de lhe “enxertar” memória? “ 68
Estes fragmentos poderão sempre ser encarados como ruína, não no sentido histórico, em
que a fragmentação da forma é devida à passagem do tempo, mas como uma partícula de
um outro tempo um pouco mais recuado que escapou ao novo, ao tempo de transformação.
Pode ser também a arquitectura feita de peças, elementos que adicionados formam uma
unidade.
O fragmento como metáfora
Existem ainda outros projectos onde o fragmento é encarado como a excepção à regra do
projecto.
“(...) o fragmento é a excepção que confirma a regra, ou seja, a excepção (o quadrado torto
na composição existente na casa da Quinta do Lago no Algarve (1984-89), a perna barroca
na mesa moderna, o projecto para a praça General Humberto Delgado (1979), o projecto
para café do centro desportivo, em Braga (1983)) atribui ao projecto um sentido artístico,
poético, na medida em que este transmite uma mensagem metafórica que contém em si o
desejo de explorar a ambiguidade no projecto.” 69
Será esta excepção - o fragmento - uma metáfora que tenta tomar para si o lugar da ruína
enquanto exemplo moral da paisagem?
“ Souto Moura inventa histórias quando não existe história, constrói os sinais do tempo para
os preservar e qualifica a sua narrativa com a dignidade dos materiais naturais...” 70
68 Excerto do trabalho de grupo da cadeira de História da Arquitectura Contemporânea, 5º ano,
2004/2005
69 Excerto do trabalho de grupo da cadeira de História da Arquitectura Contemporânea, 5º ano,
2004/2005
70 Alexandre Alves Costa, Reconhecer e Dizer, in Architécti nº 5, p. 103
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