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em Álvaro Siza e em Aldo Rossi, não só no que se refere às ferramentas práticas de projecto
como às bases teóricas e do discurso argumentativo.
O significado da obra, pode surgir das mais variadas maneiras. Provavelmente parte da
aceitação de uma síntese impossível que se mantém aberta e contraditória. Assim como a
regra é confirmada pela excepção, a contradição ou a ambiguidade entre a razão e o sítio
confirmam a arquitectura. Podemos encontrar vários exemplos na obra de Souto Moura deste
método: o quadrado torto na composição ortogonal presente no muro da casa da Quinta
do Lago, a ruína em Baião em contraste com o volume de vidro, no Gerês onde a caixa de
vidro não toca na ruína, a perna barroca da mesa de vidro, o resto da laje que permanece na
recuperação de um apartamento em Braga ou o muro que propositadamente imita a ruína no
mercado de Carandá. E são muitos mais os exemplos.
A ruína é também a metáfora de um fim anunciado ou porventura do princípio de uma nova
natureza - “sentimento subtilmente crepuscular” 77 associada a uma paisagem - que aponta
para uma leitura de continuidade através da transformação dos elementos. Esta definição
comprova como a ruína é encarada de uma forma ambígua. A noção crepuscular, incute-lhe
um significado de fim, ocaso de uma vida. No entanto a luz crepuscular tanto se observa ao
fim do dia como no amanhecer. Será justo transpormos esta dualidade para a ruína como
símbolo de um fim que é início de uma nova vida.
Será esta umas das interpretações possíveis da intervenção em São Victor? Onde se deixam
restos de uma memória de ilhas proletárias, anunciando o seu crepúsculo, para que numa
nova forma cumpra a utopia social?
6.2.1 - A operação SAAL em São Victor
“ ... em S. Victor consolidam-se ruínas, mantêm-se caminhos e atravessamentos antigos que se
contrapõem enfaticamente à afirmação convicta de uma nova lógica tipológica e construtiva.
No entanto, a nova regra nasce, mesmo por oposição, da preexistência, ajudando a conformar
o sítio e acumulando significados. Noutras situações da mesma operação, Siza irá adoptar
tipologias tradicionais ou restaurará rigorosamente edificações em ruína.” 78
O tempo em que participou com Siza Vieira na operação SAAL em São Victor, mostrou a E.S.M.
um conjunto variado de abordagens operativas das ruínas existentes. Siza opta recorrentemente
pela oposição. Nem sempre a oposição é formal, mas como diz Alexandre Alves Costa, neste
caso são tipologias novas com muros que se mantêm, uma oposição à preexistência que vai
carregar de significado toda uma nova ideia de cidade apenas concretizada no interior de
um quarteirão. Recupera o tema da ilha, não na tipologia edificatória, mas num sonho nunca
concretizado de uma cidade entendida a partir do tema da ilha proletária. Porventura ainda
77 Carlo Carena, Ruína-Restauro, in Enciclopédia Einaudi - Volume 1 Memória-História, p. 107
78 Alexandre Alves Costa, Reconhecer e Dizer, in Architécti nº 5, p. 102
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