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aproximação da história. Para o arquitecto “ ... establecer una relación con la historia significa

querer estar a la altura de la arquitectura de la antiguedad.” 86 , segundo Monestiroli, que nos

permite compreender a atitude de Souto Moura perante a ruína e os fragmentos de história.

A tentativa de estar a la altura de arquitectura de la antiguedad, reflecte-se na utilização

do fragmento e da ruína como instrumento de analogia formal com o passado. Será que a

utilização de frisos antigos em muros de pedra actuais como na casa na Avenida da Boavista,

ou a propositada ruinização de outros muros, a perna barroca na mesa de vidro, a praça

estilhaçada General Humberto Delgado, poderão ser entendido como fragmento?

No projecto para o concurso da casa Karl Friedrich Schinkel, estas contradições e misturas

são, porventura, o grande tema do projecto. Elementos da linguagem clássica de Schinkel são

misturados com o grafismo planimétrico dos primeiros projectos de Mies Van der Rohe (de

influência neoplástica ou suprematista com Mondrian e Malevitch) que se articulam neste

projecto com uma visão romântica da ruína que evolui a partir da “cidade” em direcção à

Natureza (“campo”). Pilastras adoçadas, frisos que a determinado momento caem, colunas

clássicas sem função de suporte, mostram a autêntica colagem de fragmentos de diversos

tempos e linguagens. Não parece uma mistura ao acaso, mas relaciona directamente dois

pontos da história da arquitectura - Schinkel e Mies Van der Rohe - demonstrando a afinidade

do autor por estes momentos históricos, assumindo a importância destas influências.

Não se dirá pós-modernista, pois esta não é uma atitude de génese conceptual, mas sim,

uma questão operativa, como sempre em Eduardo Souto Moura. Não usa o fragmento como

reacção ao código formal moderno. O arquitecto usa os seus paradigmas formais, a abstracção

de influência directa de Mies Van der Rohe, sempre com a excepção como forma de acentuar

a regra, o fragmento e a ruína como forma de acentuar a regra. Usa eventualmente a ruína

como justificação de um abstracto local (pelos materiais e implantações desenhados).

86

(acerca de Adolf Loos) Antonio Monestiroli, Arquitectura, naturaleza, historia - Las formas de la

analogía en el lenguaje arquitectónico, in La Arquitectura de La Realidad, p . 222

79

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