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O projecto apresenta duas grandes áreas distintas: uma pública com bancas de venda e outra
com armazéns frigoríficos, casa de banho e zonas de amanho no primeiro piso e mercado
no segundo piso. Estas duas áreas também se distinguem no pé-direito. A zona a poente
apresenta um pé-direito que corresponde à totalidade da altura à laje de cobertura, enquanto
que a zona nascente apresenta diferenças de pé direito.
O programa do mercado é organizado por sete grandes muros. Quatro destes muros são
construídos em granito, sendo três perpendiculares ao eixo maior do mercado e o quarto
paralelo ao eixo maior do mercado dobrando para o interior quando atinge o centro do
edifício. Os restantes muros rebocados a branco são paralelos ao eixo maior do mercado.
Dois destes formam a fachada norte do mercado e um outro conforma a fachada sul que vira
para a rua e limita a zona sul dos armazéns.
O muro longitudinal de granito é essencial à leitura do projecto. Suporta um percurso público
(a rua) em mezzanine sobre as bancas do mercado. A poente enquadra uma das escadas que
permite aceder a essa mezzanine desenhando também uma das entradas do mercado. No
extremo oposto (a zona central do mercado), o muro longitudinal de pedra atinge as ruínas
da casa da quinta e o café do mercado e dobra para o interior do mercado marcando outra
entrada do edifício. Neste momento o muro serve também de pano de fundo à escada que
permite o acesso nascente ao percurso público que é simultaneamente cobertura de várias
lojas existentes.
O muro central de granito (perpendicular ao eixo maior do mercado) delimita a nascente
o espaço das bancas do mercado. Este muro é especial, pois é desenhado desde raíz como
uma ruína, que se vai degradando e que permite a entrada para o mercado (fig. 67). Parece
pertencer às ruínas da casa adjacente, como um muro de propriedade que se degradou.
Encontra-se no centro da composição, articulando urbano e cidade, novo e antigo. Este
muro, a relação com as ruínas da antiga casa da quinta e o café projectado para aquele local
funcionam como elemento de equilíbrio.
A recuperação do mercado, Braga, 2001
Pouco tempo após um normal funcionamento, o mercado cessou a sua actividade. Após
anos de abandono, a Câmara Municipal de Braga encomendou ao arquitecto Eduardo Souto
Moura a recuperação da obra, desta vez pensada para estar integrada no programa cultural
da cidade.
O arquitecto retirou parte da cobertura deixando as colunas com os ferros das armaduras à
vista na extremidade superior. O espaço que anteriormente era lido como interior, composto
por três naves é agora um jardim de colunas e árvores, de distribuição e desafogo para o
programa cultural proposto. É de realçar, a referência subtil aos campos de ruínas romanas
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