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tecido urbano e monumento, tentando aproximar aquilo que foi “atraiçoado” pelo processo
da museificação da década de 40. Este é um fragmento, uma peça que pelo seu carácter
“cirúrgico”, determinou a proposta posterior de Siza para a Avenida da Ponte.
“Na cidade avança-se por fragmentos dispersos, (...) Na cidade não se pode ser um só, é
preciso ser múltiplo e “é simples ser múltiplo, basta ter o centro em toda a parte.”” 96
Pela simplicidade de abordagem da arquitectura e pela paixão demonstrada pelas “coisas da
vida”, em Fernando Távora desenha-se o perfil de pessoa culta, verdadeiro participante na
sociedade, que encontra na arquitectura a sua maneira de se exprimir. Dizia que desenhar
era tão natural como respirar. Por ser tão aberto a diferentes atitudes era moderno. É uma
modernidade inclusiva como afirma Alves Costa, que aceita e analisa os factos históricos
tentando aglutinar e criar uma nova unidade para cada obra. Esta é uma unidade que tenta
atingir a serenidade da arquitectura do Passado.
Para Távora “ser” arquitectura (portuguesa) é a condição da universalidade.
A Arquitectura é um fenómeno universal, plural e manifestação da existência do Homem.
Aquilo que é constante é a própria Arquitectura, desde a cabana elementar do selvagem ou o
refinado Parténon, é a necessidade de organizar o espaço. E assim torna-se necessário estudar
as suas constantes para que suportem a evolução do Homem. As constantes da Arquitectura
para Távora são: “...modernidade permanente, o esforço de colaboração que ele sempre
traduziu, a sua importância como elemento condicionante da vida do homem.” 97 . Para
alcançar estas constantes, Távora aponta para o estudo das obras de arquitectura e urbanismo
do Passado como suporte da arquitectura do presente.
96 Eduardo Souto Moura, A “Arte de ser Português”, in Fernando Távora, p. 72
97 Fernando Távora, Teoria geral da organizaçäo do espaço : arquitectura e urbanismo, p. 9
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