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A CONFISSÃO DE LÚCIO

Untitled - Luso Livros

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— Meu caro, muito prazer em o encontrar… Falaram-me ontem muitobem de si… Um seu compatriota… um poeta… M. de Loureiro, julgo…Foi difícil adivinhar o apelido português entre a pronúncia mesclada.— Ah… Não o sabia em Paris — murmurou Gervásio.E para mim, depois de me haver apresentado à estrangeira:— Você conhece? Ricardo de Loureiro, o poeta das Brasas…Que nunca lhe falara, que apenas o conhecia de vista e, sobretudo, queadmirava intensamente a sua obra.— Sim… não discuto isso… você bem vê, para mim já essa arte passou.Não me pode interessar… Leia-me os selvagens, homem, que diacho!…Era uma das scies de Gervásio Vila-Nova: elogiar uma pseudo-escola literáriada última hora — o Selvagismo, cuja novidade residia em os seus livros seremimpressos sobre diversos papéis e com tintas de várias cores, numaestrambótica disposição tipográfica. Também — e eis o que maisentusiasmava o meu amigo — os poetas e prosadores selvagens, abolindo aideia, "esse escarro", traduziam as suas emoções unicamente em jogo silábico,por onomatopeias rasgadas, bizarras: criando mesmo novas palavras que coisaalguma significavam e cuja beleza, segundo eles, residia justamente em nãosignificarem coisa alguma… De resto, até aí, parece que apenas se publicaraum livro dessa escola. Certo poeta russo de nome arrevesado. Livro que

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