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A CONFISSÃO DE LÚCIO

Untitled - Luso Livros

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tão de pacotilha… Quer saber? Outrora, à noite, no meu leito, antes dedormir, eu punha-me a divagar. E era feliz por momentos, entressonhando aglória, o amor, os êxtases… Mas hoje já não sei com que sonhos merobustecer. Acastelei os maiores… eles próprios me fartaram: são sempre osmesmos — e é impossível achar outros… Depois, não me saciam apenas ascoisas que possuo — aborrecem-me também as que não tenho, porque, navida como nos sonhos, são sempre as mesmas. De resto, se às vezes possosofrer por não possuir certas coisas que ainda não conheço inteiramente, averdade é que, descendo-me melhor, logo averiguo isto: Meu Deus, se astivera, ainda maior seria a minha dor, o meu tédio. De forma que gastar tempoé hoje o único fim da minha existência deserta. Se viajo, se escrevo — se vivo,numa palavra, creia-me: é só para consumir instantes. Mas dentro em pouco— já o pressinto — isto mesmo me saciará. E que fazer então? Não sei… nãosei… Ah! que amargura infinita…Eu punha-me a animá-lo; a dizer-lhe inferiormente que urgia pôr de parteessas ideias abatidas. Um belo futuro se alastrava em sua face. Era preciso tercoragem!— Um belo futuro?… Olhe, meu amigo, até hoje ainda me não vi no meufuturo. E as coisas em que me não vejo, nunca me sucederam.Perante tal resposta, esbocei uma interrogação muda, a que o poeta volveu:

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