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A CONFISSÃO DE LÚCIO

Untitled - Luso Livros

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"Quando depois regressei à capital assombrosa, a minha ânsia foi logo de apercorrer em todas as avenidas, em todos os bairros, para melhor a entrelaçarcomigo, para melhor a delirar… O meu Paris! o meu Paris!…"Entretanto, Lúcio, não creia que eu ame esta grande terra pelos seusbulevares, pelos seus cafés, pelas suas atrizes, pelos seus monumentos. Não!Não! Seria mesquinho. Amo-a por qualquer outra coisa: por uma auréola,talvez, que a envolve e a constitui em alma — mas que eu não vejo; que eusinto, que eu realmente sinto, e lhe não sei explicar!…"Só posso viver nos grandes meios. Quero tanto ao progresso, à civilização,ao movimento citadino, à atividade febril contemporânea!", Porque, no fundo,eu amo muito a vida. Sou todo de incoerências. Vivo desolado, abatido,parado de energia, e admiro a vida, entanto como nunca ninguém a admirou!"Europa! Europa! Encapela-te dentro de mim, alastra-me da tua vibração,unge-me da minha época!…"Lançar pontes! lançar pontes! silvar estradas férreas! erguer torres de aço!…E o seu delírio prosseguia através de imagens bizarras, destrambelhadasideias.— Sim! Sim! Todo eu sou uma incoerência! O meu próprio corpo éuma incoerência. Julga-me magro, corcovado? Sou-o; porém muito menos doque pareço. Admirar-se-ia se me visse nu…"Mas há mais. Toda a gente me crêum homem misterioso. Pois eu não vivo, não tenho amantes… desapareço…

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