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A CONFISSÃO DE LÚCIO

Untitled - Luso Livros

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A sua expressão dolorosa não se transformou com as minhas palavras — oartista pareceu mesmo não as estranhar, como se eu lhe desse a resposta maisnatural ao que me contara. Apenas só agora, indubitavelmente, as lágrimas lhedesciam pelo rosto; mas não era diversa da primeira dor que as provocava.E eu acabei:— … Tinha-me atascado na lama… Por isso fugi… por essa ignomínia…Ouves? ouves!?…Todo ele tremeu então. Velou-lhe o rosto uma sombra…Deteve-se um instante e, por fim, numa voz muito estranha, sumida, húmida— tão singular que nem parecia vir da sua garganta, começou:— Ah! como te enganas… Meu pobre amigo! Meu pobre amigo!… Doidoque eu era no meu triunfo… Nunca me lembrei de que os mais o nãoentenderiam… Escuta-me! Escuta-me!… Oh! tu hás de me escutar!…Sem vontade própria, esvaído, em silêncio, eu acompanhava-o como quearrastado por fios de ouro e lume, enquanto ele se me justificava:— Sim! Marta foi tua amante, e não foi só tua amante… Mas eu não soubenunca quem eram os seus amantes. Ela é que mo dizia sempre… Eu é quelhos mostrava sempre!"Sim! Sim! Triunfei encontrando-a!… Pois não te lembras já, Lúcio, domartírio da minha vida? Esqueceste-o?… Eu não podia ser amigo de

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