A CONFISSÃO DE LÚCIO
Untitled - Luso Livros
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Sempre triste — numa tristeza maceradamente vaga — mas tão gentil, tãosuave e amorável, que era sem dúvida a companheira propícia, ideal, de umpoeta.Cheguei a invejar o meu amigo…Durante seis meses a nossa existência foi a mais simples, a mais serena. Ah!esses seis meses constituíram em verdade a única época feliz, em névoas, daminha vida…Raros dias se passavam em que não estivesse com Ricardo e Marta. Quasetodas as noites nos reuníamos em sua casa, um pequeno grupo de artistas: eu,Luís de Monforte, o dramaturgo da Glória; Aniceto Sarzedas, o verrinosocrítico; dois poetas de vinte anos cujos nomes olvidei e — sobretudo — oconde Sérgio Warginsky, adido da legação da Rússia, que nós conhecêramosvagamente em Paris e que eu me admirava de encontrar agora assíduofrequentador da casa do poeta. Às vezes, com menor frequência, apareciamtambém Raul Vilar e um seu amigo — triste personagem tarado que hojeescreve novelas torpes desvendando as vidas íntimas dos seus companheiros,no intuito (justifica-se) de apresentar casos de psicologias estranhas e assimfazer uma arte perturbadora, intensa e original: no fundo apenas falsa eobscena.