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A CONFISSÃO DE LÚCIO

Untitled - Luso Livros

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conservava muitas reminiscências da sua infância, se tinha saudades desta oudoutras épocas da sua vida… Mas ela — naturalmente também, suponho —respondia iludindo as minhas perguntas; mais: como se não me percebesse…E, pela minha parte, num enleio injustificado, faltava-me sempre a coragempara insistir — perturbava-me como se viesse de cometer uma indelicadeza.Para a minha ignorância ser total, eu nem mesmo sabia que sentimentosligavam os dois esposos. Amava-a realmente o artista? Sem dúvida. Entantonunca mo dissera, nunca se me referira a esse amor, que devia existir comcerteza. E, pelo lado de Marta, igual procedimento — como se tivessem pejode aludir ao seu amor.Um dia, não me podendo conter — vendo que da sua companheira detalhealgum obtinha —, decidi-me a interrogar o próprio Ricardo.E, num esforço, de súbito:— É verdade — ousei —, você nunca me contou o seu romance…No mesmo momento me arrependi. Ricardo empalideceu; murmurouquaisquer palavras e, logo, mudando de assunto, se pôs a esboçar-me o planode um drama em verso que queria compor.Entretanto a minha ideia fixa volvera-se-me num perfeito martírio, e assim —quer junto de Marta, quer junto do poeta — eu tentei por mais de uma vezainda suscitar alguma luz, Mas sempre embalde.

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