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A CONFISSÃO DE LÚCIO

Untitled - Luso Livros

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ninguém… não podia experimentar afetos… Tudo em mim ecoava emternura… eu só adivinhava ternuras… E, em face de quem as pressentia, sóme vinham desejos de carícias, desejos de posse — para satisfazer os meusenternecimentos, sintetizar as minhas amizades…Um relâmpago de luz ruiva me cegou a alma.O artista prosseguiu:— Ai, como eu sofri… como eu sofri!… Dedicavas-me um grande afeto;eu queria vibrar esse teu afeto — isto é: retribuir-to; e era-me impossível!…Só se te beijasse, se te enlaçasse, se te possuísse… Ah! mas como possuir umacriatura do nosso sexo?…"Devastação! Devastação! Eu via a tua amizade, nitidamente a via, e não alograva sentir!… Era toda de ouro falso…"Uma noite, porém, finalmente, uma noite fantástica de branca, triunfei!Achei-A… sim, criei-A!… criei-A… Ela é só minha — entendes? — é sóminha!… Compreendemo-nos tanto, que Marta é como se fora a minhaprópria alma. Pensamos da mesma maneira; igualmente sentimos. Somos nósdois…Ah! e desde essa noite eu soube, em glória soube, vibrar dentro demim o teu afeto — retribuir-to: mandei-A ser tua! Mas, estreitando-te ela, eraeu próprio quem te estreitava… Satisfiz a minha ternura: Venci! E ao possuila,eu sentia, tinha nela, a amizade que te devera dedicar — como os outrossentem na alma as suas afeições. Na hora em que a achei — tu ouves? — foi

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