já expus alguma vez… Só compreendo que se publique um livro numatiragem reduzida; e a 100 francos o exemplar, como fez o… (e citava o nomedo russo chefe dos selvagens). Ah! eu abomino a publicidade!…As minhas conversas com Ricardo — pormenor interessante — foram logo,desde o início, bem mais conversas de alma, do que simples conversas deintelectuais.Pela primeira vez eu encontrara efetivamente alguém que sabia descer umpouco aos recantos ignorados do meu espírito — os mais sensíveis, os maisdolorosos para mim. E com ele o mesmo acontecera — havia de mo contarmais tarde.Não éramos felizes — oh! não As nossas vidas passavam torturadas de ânsias,e incompreensões, de agonias de sombra…Subíramos mais alto: delirávamos sobre a vida. Podíamo-nos embriagar deorgulho, se quiséssemos — mas sofríamos tanto… tanto… O nosso únicorefúgio era nas nossas obras.Pintando-me a sua angústia, Ricardo de Loureiro fazia perturbadorasconfidências, tinha imagens estranhas.— Ah! meu caro Lúcio, acredite me! Nada me encanta já; tudo meaborrece, me nauseia. Os meus próprios raros entusiasmos, se me lembrodeles, logo se me esvaem — pois, ao medi-los, encontro os tão mesquinhos,
tão de pacotilha… Quer saber? Outrora, à noite, no meu leito, antes dedormir, eu punha-me a divagar. E era feliz por momentos, entressonhando aglória, o amor, os êxtases… Mas hoje já não sei com que sonhos merobustecer. Acastelei os maiores… eles próprios me fartaram: são sempre osmesmos — e é impossível achar outros… Depois, não me saciam apenas ascoisas que possuo — aborrecem-me também as que não tenho, porque, navida como nos sonhos, são sempre as mesmas. De resto, se às vezes possosofrer por não possuir certas coisas que ainda não conheço inteiramente, averdade é que, descendo-me melhor, logo averiguo isto: Meu Deus, se astivera, ainda maior seria a minha dor, o meu tédio. De forma que gastar tempoé hoje o único fim da minha existência deserta. Se viajo, se escrevo — se vivo,numa palavra, creia-me: é só para consumir instantes. Mas dentro em pouco— já o pressinto — isto mesmo me saciará. E que fazer então? Não sei… nãosei… Ah! que amargura infinita…Eu punha-me a animá-lo; a dizer-lhe inferiormente que urgia pôr de parteessas ideias abatidas. Um belo futuro se alastrava em sua face. Era preciso tercoragem!— Um belo futuro?… Olhe, meu amigo, até hoje ainda me não vi no meufuturo. E as coisas em que me não vejo, nunca me sucederam.Perante tal resposta, esbocei uma interrogação muda, a que o poeta volveu:
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estaurante que não frequentava hab
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Uma manhã vi de súbito alguém at
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ninguém… não podia experimentar
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— Que valem os outros, entanto, e
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A desventurada mal teve tempo para
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CAPÍTULO 8Pouco mais me resta a di
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Passaram velozes os meus dez anos d
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angústia — e assim poder vê-las