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A CONFISSÃO DE LÚCIO

Untitled - Luso Livros

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Coloca-se até aqui um episódio curioso que, embora sem grande importância,é conveniente referir:Apesar de grandes amigos e de íntimos amigos, eu e Ricardo não nostratávamos por tu, devido com certeza à nossa intimidade ter principiadorelativamente tarde — não sermos companheiros de infância. De resto, nuncasequer atentáramos no facto.Ora, por esta época, eu encontrei-me por vezes de súbito a tratar o meuamigo por tu. E quando o fazia, logo me emendava, corando como se viessede praticar uma imprudência. E isto repetia-se tão amiudadamente que opoeta uma noite me observou com a maior naturalidade:— Homem, escusas de ficar todo atrapalhado, titubeante, vermelho comouma malagueta, quando te enganas e me tratas por tu. Isso é ridículo entrenós. E olha, fica combinado: de hoje em diante acabou-se o "você". Viva o"tu"! É muito mais natural…E assim se fez. Contudo, nos primeiros dias, eu não soube retrair um certoembaraço ao empregar o novo tratamento — tratamento que me forapermitido.Ricardo, virando-se para Marta, mais de uma vez me troçou, dizendo-lhe:— Este Lúcio sempre tem cada esquisitice… Não vês? Parece uma noivalirial… uma pombinha sem fel… Que marocas!…

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