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psicología social: perspectivas y aportaciones hacia un mundo posible

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(Re)pensar a sobredotação. a necessária excelência no f<strong>un</strong>cionamento?321de admirarmos o que de mais inédito emana. Pelo contrário, é o nosso fascínio, inevitavelmentedireccionado para certas áreas do saber que explica a luz preferencial que se faz sobre determinadosprodutos. Seja a produção artística ao mais alto nível, pelo incentivo da família Médicis, seja aproliferação literária no séc. xix em França, seja o desenvolvimento da matemática no séc. xvii, sejaa emanação de engenhos essenciais a uma qualquer guerra m<strong>un</strong>dial, estamos sempre perante umacoincidência feliz entre o sujeito, com todas as suas aptidões e personalidade e o zeigest que estádisposto a aceitá-lo.Nesse mesmo sentido, Simonton (1983, 1988) obriga-nos a uma leitura mais atenta sobre o teordo zeigest, porquanto a marginalidade cultural e profissional a que certos sujeitos se submetem, porinerência da sua vida migrante ou profissional difusa em que confluem várias áreas do saber, sepoder repercutir em benefícios do tipo criativo. Cannon (1940, cit. por Simonton, 1988) ilustra essaideia de coincidência, melhor dizendo, de coincidencia feliz, no conceito que importa do escritoringlês do séc. xviii directamente para o domínio da criatividadede: a serendipidade.Se num determinado hic e n<strong>un</strong>c muitas produções criativas ficam por valorizar, outras terão certamenteo caminho aberto à divulgação, qual selecção neuronal que com menos de um ano de idade,o nosso cérebro se encarrega inevitavelmente de fazer, fruto das nossas actividades e interesses.Se a ramificação e poda neuronais se nos afiguram inevitáveis, o seu percurso é inexoravelmentedelineado pela interacção precoce entre o sujeito e o seu meio. Da mesma forma, compreendemosque não existe dicotomia entre a participação do sujeito e o contexto da manifestação criativa, poisa serendipidade exige um sujeito duplamente activo, quer pela via da descoberta quer pela via dapersistência e sentido crítico para ver o acaso como feliz (Simonton, 1988).Tudo indica que a tolerância à ambiguidade, a resiliência face à adversidade, a motivaçãointrínseca e a capacidade de ass<strong>un</strong>ção de riscos, se tornam essenciais à emergência de produtoscriativos (Sternberg, 1988). É-nos claramente mais fácil pensar nas qualidades elevadas de umLeonardo DaVinci ou de um Einstein, esquecendo todo o contexto sócio-cultural que lhes permitiuesse evidenciamento. Contudo, seg<strong>un</strong>do Csikszentmihalyi (1998), a questão de sabermos O que éa criatividade, talvez deva ser susbtituída por outra, mais actual, Onde está a criatividade, pois nãomais se trata de um fenómeno intrapsíquico, individual e insondável, mas sim de uma expressãocriativa apenas ilusoriamente <strong>un</strong>iversal, pois os valores de um certo contexto cultural e históricodelimitam a própria definição do que deve ser considerado criativo (Montuori & Purser, 1995). A suaabordagem sistémica parte da ideia de que é impossível definir a criatividade independentementede um critério balizado culturalmente e de que essa mesma criatividade emerge não por ser umatributo dos sujeitos, mas sim dos sistemas sociais que os ajuízam.A este propósito são bem elucidativas as teorias da confluência de Amabile (1983), Gardner(1988), Sternberg & Lubart (1996), ou Csiktzentmihalyi (1988).De facto, para Csiktzentmihalyi (ibidem), a criatividade n<strong>un</strong>ca é o resultado de uma simplesacção individual, mas sim o produto de três subsistemas: o indivíduo, o domínio e o campo. Paraalém do indivíduo, excepcional, porventura, o domínio constitui a sua arena de actuação, onde ogrupo de pares destrinça a originalidade da bizarria e o campo (todos aqueles que transmitem a informaçãosimbólica à geração seguinte, desde os historiadores até aos críticos de arte, por exemplo)peneira as produções criativas, permitindo que apenas algumas sejam preservadas. Digamos que,de alguma forma, existe uma mão invisível, nem sempre ao alcance do criativo, que deixa cair no

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