14.04.2013 Views

VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Há alguns caminhos interpretativos para explicar a evolução das plantas e<br />

como se chegou a uma tipologia tão específica no <strong>Sul</strong> <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong>. Para traçar<br />

um esquema evolutivo, tomamos como hipótese um percurso inicia<strong>do</strong> <strong>nas</strong><br />

cida<strong>de</strong>s medievais <strong>do</strong> norte <strong>de</strong> Portugal <strong>–</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong> veio a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s<br />

imigrantes <strong>–</strong>, passan<strong>do</strong> pelas cida<strong>de</strong>s mineiras <strong>do</strong> ciclo <strong>do</strong> ouro, para on<strong>de</strong><br />

aquela tipologia urbana foi transposta, com adaptações, para finalmente<br />

chegar às fazendas.<br />

A transposição, assim, não foi direta da casa medieval portuguesa para as<br />

fazendas. Durante o processo <strong>de</strong>flagra<strong>do</strong> pela <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> ouro,<br />

concentrou-se em Mi<strong>nas</strong> uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas vindas <strong>de</strong> outras regiões<br />

<strong>do</strong> Brasil, da África e <strong>de</strong> Portugal. A maior parte <strong>do</strong>s portugueses originava-se<br />

<strong>do</strong> norte. Segun<strong>do</strong> Orlan<strong>do</strong> Ribeiro, no século XVIII, em Ouro Preto, 85%<br />

<strong>do</strong>s imigrantes portugueses eram oriun<strong>do</strong>s da região norte <strong>de</strong> Portugal.<br />

Esse peso maior da população proveniente da área mais <strong>de</strong>nsa e <strong>de</strong> mais forte e<br />

constante corrente imigratória explica a filiação das velhas cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Brasil no<br />

estilo urbano <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> país4 .<br />

No entanto, não há em Portugal nenhum mo<strong>de</strong>lo que se possa associar<br />

diretamente às casas analisadas. Essas casas <strong>de</strong> fazenda constituem uma<br />

tipologia criada em território brasileiro, apesar das semelhanças com a<br />

arquitetura portuguesa <strong>de</strong>scritas anteriormente.<br />

Aproveitan<strong>do</strong> antigas tradições urbanísticas <strong>de</strong> Portugal, nossas vilas e cida<strong>de</strong>s<br />

apresentavam ruas <strong>de</strong> aspecto uniforme, com residências construídas sobre o<br />

alinhamento das vias públicas e pare<strong>de</strong>s laterais sobre os limites <strong>do</strong>s terrenos5 .<br />

Essa cida<strong>de</strong> portuguesa, transferida para o Brasil, adaptou-se às diferentes<br />

condições locais, como o clima, a topografia e a abundância <strong>de</strong> espaço e <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />

A cida<strong>de</strong> portuguesa, que era a<strong>de</strong>nsada e intramuros, no Brasil tornou-se mais plana<br />

e espalhada, surgin<strong>do</strong> ao longo <strong>do</strong>s caminhos. A largura <strong>do</strong>s lotes é ligeiramente<br />

maior que em Portugal e o gabarito fixa-se em ape<strong>nas</strong> <strong>do</strong>is pavimentos.<br />

Tais características, transferidas <strong>–</strong> na pessoa <strong>de</strong> antigos mestres e pedreiros<br />

“incultos” <strong>–</strong> para a nossa terra, longe <strong>de</strong> significarem um mau começo,<br />

conferiram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo, pelo contrário, à <strong>Arquitetura</strong> Portuguesa na colônia, esse<br />

ar <strong>de</strong>spretensioso e puro que ela soube manter, apesar das vicissitu<strong>de</strong>s por que<br />

passou, até mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIX.<br />

P ro g r a m a d e n e c e s s i da d e s e e s quemas d e p l a n ta s<br />

103

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!