VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Essa lacuna histórica “pós-ouro” vem sen<strong>do</strong> preenchida nos últimos anos<br />
por recentes trabalhos <strong>de</strong> historia<strong>do</strong>res, contu<strong>do</strong>, no campo da história da<br />
arquitetura só se ouve falar em Aleijadinho. No século XIX, a socieda<strong>de</strong> e a<br />
economia <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> estiveram mais ativas <strong>do</strong> que nunca, entretanto, a<br />
arquitetura produzida nesse perío<strong>do</strong> passa ao largo <strong>de</strong> nossa bibliografia.<br />
Dessa maneira, <strong>de</strong>sconfian<strong>do</strong> <strong>do</strong>s paradigmas consagra<strong>do</strong>s da arquitetura<br />
mineira, seguimos sem preconceitos a revelar sua outra face e a <strong>de</strong>scobrir uma<br />
arquitetura corrente em que, a cada incursão, <strong>de</strong>ze<strong>nas</strong> e <strong>de</strong>ze<strong>nas</strong> <strong>de</strong> exemplares<br />
foram encontra<strong>do</strong>s e muitos outros ainda po<strong>de</strong>rão ser. Descobrimos nessa<br />
região <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> um rico patrimônio histórico que passou <strong>de</strong>spercebi<strong>do</strong> por<br />
nossos melhores historia<strong>do</strong>res da arquitetura; essas fazendas são a marca da<br />
primeira ocupação <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong>sse território, incentivada a partir <strong>de</strong> 1808 com<br />
a chegada da Corte. Des<strong>de</strong> o princípio da pesquisa, <strong>de</strong>sconfiávamos <strong>de</strong> uma<br />
possível interpretação simplista para a origem <strong>de</strong>ssas fazendas. Ao longo da<br />
pesquisa, com a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um número cada vez maior <strong>de</strong> exemplares, essa<br />
<strong>de</strong>sconfiança só aumentou e veio a ser confirmada quan<strong>do</strong> da leitura <strong>de</strong> autores<br />
como Lenharo (1993) e Andra<strong>de</strong> (2008): eram fazendas produtoras <strong>de</strong> gêneros<br />
diversos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao abastecimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno, baseadas no trabalho<br />
escravo e na gran<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> e alavancadas pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação<br />
territorial. Esperamos que nosso trabalho, como uma via <strong>de</strong> mão dupla, aju<strong>de</strong><br />
também historia<strong>do</strong>res, sociólogos e economistas a confirmar suas hipóteses.<br />
Esperamos também contribuir para o preenchimento <strong>de</strong>ssa lacuna na história da<br />
arquitetura brasileira, contribuin<strong>do</strong> para o conhecimento e divulgação <strong>de</strong>sse<br />
patrimônio. Essas fazendas formam, em seu conjunto, uma família tipológica<br />
com características próprias <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> cenário nacional. Sabemos que não é um<br />
trabalho completo; <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> levantamento <strong>de</strong> campo, acreditamos<br />
que ainda é possível encontrar novos exemplares, principalmente em áreas pouco<br />
exploradas, a oeste da região; <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da <strong>do</strong>cumentação específica, esta<br />
sim, <strong>de</strong>verá ser pesquisada com mais profundida<strong>de</strong>, em fontes primárias, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />
à escassez <strong>de</strong> trabalhos publica<strong>do</strong>s sobre o assunto. Futuras pesquisas,<br />
principalmente na área <strong>de</strong> história, po<strong>de</strong>rão contribuir para a complementação<br />
<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentais, tarefa que nós, como arquitetos, não tivemos a<br />
competência para fazer. Construímos, sim, uma nova base <strong>do</strong>cumental com o<br />
levantamento criterioso (gráfico e fotográfico) <strong>do</strong>s exemplares que po<strong>de</strong>rá servir<br />
<strong>de</strong> fonte para futuras investigações.<br />
123