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VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

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Também é muito comum na historiografia tradicional a versão <strong>de</strong> que<br />

antigos minera<strong>do</strong>res tornaram-se agricultores, como já menciona<strong>do</strong> em<br />

citação <strong>de</strong> Darcy Ribeiro (1995). Ao longo <strong>de</strong> nosso trabalho, mostramos<br />

não ser essa a única versão. Analisan<strong>do</strong> a história <strong>de</strong> cada fazenda, seja<br />

através <strong>de</strong> inventários, seja através <strong>de</strong> livros <strong>de</strong> genealogia, constatamos que<br />

a maioria das famílias teve como primeiro patriarca-embrião um português<br />

vin<strong>do</strong> diretamente <strong>de</strong> Portugal ou das Ilhas para a região sul, sem que<br />

tivesse necessariamente passa<strong>do</strong> pela região ou ativida<strong>de</strong> minera<strong>do</strong>ra.<br />

Geralmente, esses imigrantes portugueses, recém-chega<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong><br />

mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVIII, casavam-se com uma mulher branca da terra,<br />

também <strong>de</strong> origem portuguesa, mas já há muito em Mi<strong>nas</strong>. Como observa<br />

Lemos, mesmo os proprietários mineiros, ditos “da terra”, eram, em<br />

última instância, portugueses.<br />

Aliás, quan<strong>do</strong> falamos <strong>de</strong> mineiros, é certo que nos referimos também a<br />

portugueses, porque na verda<strong>de</strong> to<strong>do</strong> mineiro era necessariamente um reinol <strong>de</strong><br />

formação, pois por essa época haveria no máximo uma terceira geração<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> imigra<strong>do</strong>s Portugal20 .<br />

Essa constante corrente migratória talvez tenha contribuí<strong>do</strong> para a<br />

diferenciação das fazendas <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> das fazendas <strong>de</strong> outras regiões da<br />

capitania, especialmente por causa <strong>do</strong>s mestres-construtores, que eram, em sua<br />

maioria, portugueses.<br />

Além <strong>do</strong> casamento consanguíneo, que garantia a permanência da<br />

proprieda<strong>de</strong> na mesma família, esses mineiros também apreciavam casar as<br />

filhas com portugueses, contribuin<strong>do</strong> para sua assimilação paulatina na<br />

socieda<strong>de</strong> local.<br />

Nesse tempo os senhores <strong>de</strong> Sesmaria e <strong>Fazendas</strong> <strong>de</strong>stes sertões, quase sempre<br />

homens brancos, <strong>de</strong> boa educação e <strong>de</strong> famílias honradas e ten<strong>do</strong> alguma fortuna,<br />

lutavam com dificulda<strong>de</strong> para arranjarem casamentos condignos para as suas<br />

filhas, pois havia falta <strong>de</strong> rapazes nessas condições. O “português” ou “novato”<br />

como eram conheci<strong>do</strong>s, salvavam todas as situações difíceis, contanto que o <strong>do</strong>te<br />

aparecesse com a noiva. O preconceito contra o caboclo e o homem <strong>de</strong> cor<br />

auxiliava muito o colono português, porque esses homens ru<strong>de</strong>s e cheios <strong>de</strong> si,<br />

dispensavam muito o caboclo e o mulato e tinham como honra casar uma filha<br />

com europeu21 .<br />

S e rt ã o e t e r r i t ó r i o<br />

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