VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
analisadas pela pesquisa<strong>do</strong>ra Helena Martins, hoje <strong>de</strong>nominada Campo das<br />
Vertentes. A região por nós analisada, ao sul <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong>, não possui a mesma<br />
profusão <strong>de</strong> caminhos. Ao se referir aos caminhos que ligavam a região <strong>de</strong> São<br />
João <strong>de</strong>l-Rei ao caminho Geral <strong>do</strong> Sertão, a pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>screve:<br />
To<strong>do</strong>s esses caminhos eram <strong>de</strong>sertos, ári<strong>do</strong>s, perigosos e variantes, sujeitos a assaltos<br />
e piratarias. Os meios <strong>de</strong> transporte eram tropas <strong>de</strong> burro, carros <strong>de</strong> bois, comboios<br />
e liteiras conduzidas por escravos ou por animais, sen<strong>do</strong> comuns os percursos a pé.<br />
Foram instala<strong>do</strong>s ranchos <strong>de</strong> tropeiros ou pousadas, que além <strong>de</strong> dar abrigo a<br />
viajantes, tornaram-se também postos <strong>de</strong> abastecimento, <strong>de</strong> negócios e <strong>de</strong> produção<br />
<strong>de</strong> algum alimento, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como precursores das fazendas17 .<br />
Como relata a citação acima e numerosos registros <strong>de</strong> viajantes, os percursos<br />
e o transporte <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias eram feitos em tropas <strong>de</strong> burros, carros <strong>de</strong> bois,<br />
comboios, liteiras, a cavalo ou a pé e suas medidas eram dadas em léguas.<br />
Segun<strong>do</strong> o diário <strong>de</strong> viagens <strong>de</strong> Saint-Hilaire, as distâncias percorridas em um<br />
dia não passavam <strong>de</strong> seis léguas, sen<strong>do</strong> comuns percursos menores em regiões<br />
montanhosas. Isso po<strong>de</strong> nos dar a i<strong>de</strong>ia da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da ocupação no ano <strong>de</strong><br />
1822. A região percorrida pelo viajante já estava regularmente ocupada nessa<br />
data, pois não se passavam mais <strong>de</strong> uma a seis léguas sem se <strong>de</strong>parar com<br />
habitantes e pouso, seja em fazendas, vendas, registros ou vilas.<br />
Pelo menos a cada quarto <strong>de</strong> légua se encontrava uma venda, um rancho, assinalam<br />
os viajantes. […] Observa-se, não raro, um caráter <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> entre<br />
fazenda, rancho, venda, pastagens, postos em serviço <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> integra<strong>do</strong>18 .<br />
Em relação à população que ocupou a região, conta-nos a historiografia<br />
tradicional, especialmente a paulista, que houve um refluxo <strong>do</strong>s paulistas, que<br />
teriam volta<strong>do</strong> das mi<strong>nas</strong> em direção a São Paulo. Foi o que Luís Saia (1999)<br />
chamou <strong>de</strong> “paulistas <strong>de</strong> torna viagem”. Mas esse tipo <strong>de</strong> migração foi<br />
<strong>de</strong>masiadamente restrito e pontual em relação ao montante <strong>de</strong><br />
coloniza<strong>do</strong>res daqueles sertões, pois a gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> paulistas já<br />
havia si<strong>do</strong> expulsa das mi<strong>nas</strong> na Guerra <strong>do</strong>s Emboabas ou teria si<strong>do</strong><br />
absorvida pela esmaga<strong>do</strong>ra maioria da população branca, portuguesa<br />
em sua essência. O caso mais conheci<strong>do</strong> <strong>de</strong> “paulista <strong>de</strong> torna viagem”<br />
é o <strong>do</strong> funda<strong>do</strong>r da fazenda <strong>do</strong> Rosário, em Itu, menciona<strong>do</strong> por<br />
Carlos Lemos em Casa Paulista:<br />
S e rt ã o e t e r r i t ó r i o<br />
Figura 21 - Mapa Original <strong>do</strong>s<br />
Itinerários <strong>de</strong> Saint-Hilare. Fonte:<br />
Acervo <strong>do</strong> Instituto Histórico e<br />
Geográfico <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>.<br />
Figura 22 - Croqui <strong>do</strong> itinerário feito<br />
por Saint-Hilaire em sua segunda viagem<br />
a Mi<strong>nas</strong>, São Paulo e Rio. Fonte:<br />
Saint-Hilaire (1938).<br />
31