VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
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Figura 2 - Esquema <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong><br />
moinho <strong>de</strong> milho. Desenho: CFC.<br />
território ermo, cuja conformação po<strong>de</strong> variar muito conforme a topografia,<br />
a insolação, os acessos etc., normalmente geran<strong>do</strong> pátios ou terreiros à<br />
semelhança das eiras portuguesas. As eiras serviam como área <strong>de</strong> trabalho,<br />
como, por exemplo, secar e bater alimentos, para dar segurança e também para<br />
pren<strong>de</strong>r o ga<strong>do</strong> ou criação, além <strong>de</strong> funcionarem como circulação. Para cercar<br />
esses pátios, além das próprias construções que os compõem, usavam-se<br />
muros <strong>de</strong> pedra ou <strong>de</strong> a<strong>do</strong>be. Estes últimos têm sempre sua base feita <strong>de</strong><br />
pedras e são cobertos por telhas <strong>de</strong> barro, pois o a<strong>do</strong>be, não sen<strong>do</strong> cozi<strong>do</strong>,<br />
não oferece resistência à água.<br />
Muros <strong>de</strong> pedra são uma constante <strong>nas</strong> fazendas mineiras, usa<strong>do</strong>s tanto no<br />
alicerce das casas quanto para cercar pátios, terreiros, fazer arrimos ou até<br />
mesmo dividir pastos. Isso tem claramente origem no norte <strong>de</strong> Portugal, como<br />
bem observou o historia<strong>do</strong>r português Orlan<strong>do</strong> Ribeiro, em A civilização da<br />
pedra. Nas fazendas mais novas, o terreiro fecha<strong>do</strong> por muros vai<br />
<strong>de</strong>saparecen<strong>do</strong>. Em outras, como na fazenda Santa Clara (p. 301) o pomar<br />
aparece cerca<strong>do</strong> por muro <strong>de</strong> a<strong>do</strong>be.<br />
Além <strong>do</strong>s edifícios, a vegetação e os espaços vazios também configuram o<br />
conjunto <strong>do</strong> núcleo da fazenda. Os pomares e hortas são localiza<strong>do</strong>s <strong>nas</strong> partes<br />
traseiras da casa e estão geralmente em posição mais baixa em relação a esta,<br />
servin<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> algum curso d’água. Os jardins situam-se na parte fronteira da<br />
casa. Os vazios, peças-chave <strong>de</strong> articulação entre os edifícios, normalmente são<br />
terreiros e currais. Em geral pega<strong>do</strong>s à casa, ten<strong>do</strong> um <strong>de</strong> seus la<strong>do</strong>s <strong>de</strong>fini<strong>do</strong><br />
pela própria fachada, os currais, muitas vezes, têm o piso <strong>de</strong> pedras soltas, ou<br />
pedra<strong>do</strong>, como dizem.<br />
Para os terreiros, que são os locais <strong>de</strong> trabalho, busca-se sempre a melhor<br />
insolação, já que servem para secagem. Os gran<strong>de</strong>s terreiros <strong>de</strong> café, planeja<strong>do</strong>s<br />
juntamente com a fazenda, como acontece <strong>nas</strong> gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s cafeeiras<br />
<strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba, não são uma constante <strong>nas</strong> fazendas <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong>. Os<br />
terreiros nessa região são menores e sempre pega<strong>do</strong>s à casa. Quan<strong>do</strong> as<br />
fazendas locais foram adaptadas para a produção <strong>de</strong> café em larga escala,<br />
começaram a surgir os gran<strong>de</strong>s terreiros, mas como precisavam <strong>de</strong> boa<br />
insolação, nem sempre foi possível fazê-los pega<strong>do</strong>s às casas, contrarian<strong>do</strong> a<br />
lógica inicial <strong>do</strong> pleno <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conjunto. Há um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />
fazendas cujos terreiros estão em posição superior à casa e muitas vezes<br />
afasta<strong>do</strong>s, o que mostra que foram construí<strong>do</strong>s posteriormente.