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VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

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Somente no final <strong>do</strong> século XVII, com a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> ouro, é que teve início o primeiro movimento<br />

expressivo e <strong>de</strong>finitivo <strong>de</strong> interiorização da população na América portuguesa. As vilas paulistas sofreram<br />

a<strong>de</strong>nsamento populacional e em Mi<strong>nas</strong> foram criadas diversas outras vilas.<br />

Não foi por acaso que duas das três cida<strong>de</strong>s erigidas na colônia no século XVIII foram São Paulo (1711) e<br />

Mariana (1745), sen<strong>do</strong> criadas ainda treze vilas em território mineiro, e mais duas até o fim <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> colonial.<br />

Responsáveis pela <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> ouro, após inúmeras incursões aos sertões mineiros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVII, os<br />

paulistas foram os primeiros a se <strong>de</strong>slocarem para a região <strong>do</strong>s acha<strong>do</strong>s. Ainda que precários, não passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> picadas,<br />

os acessos utiliza<strong>do</strong>s foram aqueles já abertos pelos ban<strong>de</strong>irantes em suas incursões ao território mineiro. Muitos <strong>de</strong>sses<br />

caminhos são <strong>de</strong> difícil reconstituição, com seus percursos sofren<strong>do</strong> alterações e amplian<strong>do</strong>-se em inúmeras variantes 6 .<br />

Com a <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> ouro no fim <strong>do</strong> século XVII, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou-se uma revolução sem prece<strong>de</strong>ntes<br />

surtin<strong>do</strong> efeitos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política, econômica e sociocultural. Do ponto <strong>de</strong> vista político-administrativo, o<br />

eixo <strong>de</strong>slocou-se para o Su<strong>de</strong>ste: em 1763, a capital <strong>do</strong> vice-reino foi transferida para o Rio <strong>de</strong> Janeiro. Um<br />

verda<strong>de</strong>iro rush migratório trouxe pessoas <strong>de</strong> várias partes <strong>de</strong> Portugal e <strong>de</strong> outras províncias brasileiras.<br />

Surgiu uma complexa re<strong>de</strong> urbana que atou o Brasil disperso <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is primeiros séculos, ligan<strong>do</strong> a região<br />

das mi<strong>nas</strong> <strong>de</strong> ouro ao <strong>Sul</strong>, através <strong>do</strong> comércio <strong>de</strong> tropas, e ao Nor<strong>de</strong>ste, através <strong>do</strong> rio São Francisco. Ao<br />

mesmo tempo, serviu <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> partida para a ocupação <strong>do</strong>s sertões <strong>de</strong> Goiás e Mato Grosso e conectou<br />

a própria região das mi<strong>nas</strong> ao centro-sul, crian<strong>do</strong> uma complexa malha viária.<br />

Do dia para a noite surgiram cida<strong>de</strong>s, vilas, arraiais. A população brasileira saltou <strong>de</strong> 300 mil habitantes<br />

em 1690 para 3,25 milhões em 1798. No plano econômico, esse crescimento fez surgir um merca<strong>do</strong> interno<br />

e estimulou a produção agrícola e <strong>de</strong> manufaturas para aten<strong>de</strong>r à nova <strong>de</strong>manda populacional. Estimulou<br />

também a criação <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> para corte e carga em vastas áreas no sul <strong>do</strong> país, ocupan<strong>do</strong> com isso a região para<br />

além <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Tor<strong>de</strong>silhas. O porto <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro transformou-se no maior porto <strong>de</strong> escravos e <strong>de</strong><br />

exportação <strong>de</strong> ouro <strong>do</strong> país. Nunca se importou tantos africanos como entre 1730 e 1750 (Boxer, 1969): o<br />

contingente <strong>de</strong> escravos chegou a correspon<strong>de</strong>r a 48,8% da população <strong>do</strong> país. E, finalmente, a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ouro obtida no planeta <strong>do</strong>brou naquele século. Social e culturalmente, a população ganhou uma maior<br />

diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estratos e surgiu uma classe média formada por artesãos, mestres, funcionários <strong>do</strong> governo,<br />

militares, profissionais das mi<strong>nas</strong> e artistas.<br />

Logo os paulistas se tornaram minoria em Mi<strong>nas</strong> Gerais, suplanta<strong>do</strong>s, em primeiro lugar, por uma<br />

população pre<strong>do</strong>minantemente portuguesa, proveniente <strong>do</strong> continente e das ilhas; em segun<strong>do</strong> lugar, por<br />

pessoas vindas <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong>pois da Bahia (Lemos, 1999). Chegaram à região das mi<strong>nas</strong> negros <strong>de</strong><br />

diversas regiões da África e também <strong>de</strong> outras partes <strong>do</strong> Brasil, mão <strong>de</strong> obra exce<strong>de</strong>nte, oriunda da oscilação<br />

cíclica da produção canavieira da Bahia e <strong>de</strong> Pernambuco. As aglomerações huma<strong>nas</strong> floresceram rapidamente<br />

junto às datas <strong>de</strong> mineração e ao longo <strong>do</strong>s caminhos. A socieda<strong>de</strong> ali formada era portuguesa em sua<br />

essência, diferentemente da paulista, já miscigenada em sua origem.

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