14.04.2013 Views

VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

120<br />

dizer <strong>de</strong> Lucio Costa. Se lhes falta a ênfase que civilizações mais apuradas<br />

conferiram às suas moradias, será exatamente nesta <strong>de</strong>spretensiosa beleza, nesta<br />

fisionomia não maquilada, que <strong>de</strong>vemos buscar seu valor e importância7 .<br />

Alves Costa refere-se aos volumes simples da arquitetura chã, “uma leitura<br />

volumétrica <strong>de</strong> geometria simples a contrariar um certo dinamismo mais<br />

teatral <strong>do</strong> espaço interior” 8 . Dias <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> cita Rainville em seu manual:<br />

Devemos aconselhar sobretu<strong>do</strong> uma gran<strong>de</strong> simplicida<strong>de</strong> na ornamentação, o bom<br />

gosto na architectura <strong>nas</strong>ce <strong>do</strong> caráter individual, da harmonia das partes entre<br />

si, e da graça <strong>do</strong> to<strong>do</strong>; isto pó<strong>de</strong> obter-se tão bem em uma simples casinha, como<br />

em um monumento grandioso9 .<br />

Nossos mestres aplicavam essas velhas práticas na arquitetura corrente com<br />

a naturalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem faz ape<strong>nas</strong> o que sempre fizeram seus antepassa<strong>do</strong>s.<br />

Mas não só da harmonia e da proporção se valeram nossos colegas <strong>do</strong>s<br />

séculos XVIII e XIX, valeram-se também da grandiosida<strong>de</strong>, da magnitu<strong>de</strong>, da<br />

magnificência. Por vezes, parece-nos que as proporções exageradas <strong>nas</strong> relações<br />

<strong>de</strong> escala com o homem, notadas na altura <strong>do</strong> pé-direito, nos portais e <strong>nas</strong><br />

janelas, são uma questão simbólica, uma vez que a técnica construtiva era a<br />

mesma para todas as classes sociais. Os proprietários mais abasta<strong>do</strong>s<br />

utilizavam-se da fartura <strong>de</strong> materiais e das proporções exageradas, além <strong>de</strong><br />

maior riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes, para expressar sua posição social.<br />

Contu<strong>do</strong>, a chamada “matriz mineira” precisa ser mais bem i<strong>de</strong>ntificada.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma arquitetura forjada em território mineiro, com raízes tanto na<br />

arquitetura popular quanto na arquitetura erudita portuguesa, usan<strong>do</strong> técnicas<br />

construtivas tradicionais no norte da península, como a estrutura in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sobre bases <strong>de</strong> pedra. Em território mineiro, com o apuro técnico<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> a partir da reconstrução da Baixa Pombalina, esse sistema<br />

tradicional sofre um processo evolutivo que resultou na “gaiola” <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

com estrutura isostática. Sofre também um processo evolutivo no senti<strong>do</strong><br />

estético à medida que, aos poucos, vai <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong> a simplicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada das primeiras construções para incorporar preceitos clássicos,<br />

como proporção, simetria, harmonia e alguns elementos <strong>de</strong>corativos <strong>do</strong><br />

repertório clássico. Dessa maneira, forjou-se em território mineiro uma<br />

arquitetura com características ímpares no Brasil, como a leveza e a altivez,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!