VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
84<br />
Figura 42 - Cimalha encontrada no porão<br />
F. Cachoeira. Foto: CFC.<br />
Figura 43 - Cunhal e beiral da F. Narciso<br />
antes da reforma. Fonte: Andra<strong>de</strong> (2004).<br />
Figura 44 - F. da Barra: arremate <strong>de</strong> argamassa<br />
ente a cimalha e as telhas. Foto: CFC.<br />
Figura 45 - F. <strong>do</strong> Mato: cimalha no corpo<br />
principal e ape<strong>nas</strong> guarda-pó no corpo <strong>de</strong><br />
serviços. Foto: CFC.<br />
O beiral e os cachorros são totalmente horizontais e, para unir o ângulo<br />
horizontal <strong>do</strong> beiral ao ângulo <strong>de</strong> inclinação <strong>do</strong> telha<strong>do</strong>, usa-se o contrafeito.<br />
Portanto, na verda<strong>de</strong>, há três inclinações diferentes no telha<strong>do</strong>. A primeira é<br />
dada pelo ponto da telha, que é o ângulo máximo a que se po<strong>de</strong> chegar sem<br />
que as telhas escorreguem, uma vez que estas a<strong>de</strong>rem às ripas simplesmente por<br />
atrito, não haven<strong>do</strong> encaixes ou amarrações. Por isso, a distância entre ripas é<br />
menor que o comprimento das telhas. A segunda inclinação é o ângulo <strong>do</strong><br />
contrafeito, também chama<strong>do</strong> galbo; é <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pela interseção <strong>do</strong> ângulo<br />
<strong>do</strong> telha<strong>do</strong>, o “ponto”, com o ângulo horizontal <strong>do</strong> beiral. A última fiada <strong>de</strong><br />
telhas é quase plana, inclinada ape<strong>nas</strong> o mínimo necessário para que a água não<br />
fique ali parada.<br />
Como vimos, os caibros terminam sobre frechais das pare<strong>de</strong>s exter<strong>nas</strong>,<br />
sambla<strong>do</strong>s à “boca <strong>de</strong> lobo”. Por isso a estrutura <strong>do</strong> beiral, que não é feita da<br />
continuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s caibros, precisa ser composta por outras peças. Daí surgirem<br />
os cachorros, que são o suporte <strong>do</strong> beiral. Sambla<strong>do</strong>s à meia ma<strong>de</strong>ira aos<br />
frechais, os cachorros transpassam ligeiramente para <strong>de</strong>ntro, on<strong>de</strong> são<br />
contraventa<strong>do</strong>s por peças, chamadas <strong>de</strong> retrancas, que não permitem que eles<br />
girem. Essa sofisticada inflexão <strong>de</strong> ângulos acaba amolecen<strong>do</strong>, suavizan<strong>do</strong>, o<br />
volume <strong>do</strong> telha<strong>do</strong>. Os cachorros e frechais são geralmente arremata<strong>do</strong>s por<br />
um <strong>de</strong>lica<strong>do</strong> entalhe na ma<strong>de</strong>ira, o “peito <strong>de</strong> pombo”. Esse arremate confere<br />
leveza, tornan<strong>do</strong> a cobertura “arrebitada”, como na arquitetura <strong>do</strong> oriente.<br />
Os beirais são guarneci<strong>do</strong>s por guarda-pós ou por cimalhas. Os guarda-pós são<br />
tábuas colocadas entre os cachorros e as ripas a fim <strong>de</strong> evitar que as telhas se levantem<br />
com o vento, já que estão simplesmente apoiadas. As cimalhas mais comuns são<br />
aquelas feitas com tábuas inclinadas, colocadas sob o beiral, escon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os<br />
cachorros; têm a mesma função <strong>do</strong> guarda-pó e arrematam o encontro <strong>do</strong> telha<strong>do</strong><br />
com a fachada, conferin<strong>do</strong> um ar clássico. Muitas vezes as cimalhas aparecem ape<strong>nas</strong><br />
<strong>nas</strong> fachadas mais nobres da casa. Na fazenda <strong>do</strong> Mato (p. 228) vê-se claramente<br />
isso: <strong>nas</strong> fachadas <strong>do</strong> corpo principal há cimalhas e no corpo <strong>de</strong> serviços há somente<br />
guarda-pós, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> os cachorros aparentes. Há também cimalhas mais<br />
trabalhadas, compostas <strong>de</strong> várias peças, que mais parecem sofisticadas cantarias,<br />
como <strong>nas</strong> fazendas da Barra (p. 278), BelaVista <strong>de</strong> SãoVicente <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> (p. 154),<br />
Narciso (p. 145) e Cachoeira <strong>de</strong> Carmo <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> (p. 262).<br />
O vão entre a cimalha e as telhas é preenchi<strong>do</strong> com argamassa, para evitar<br />
a entrada <strong>de</strong> bichos. Nas casas <strong>de</strong> fazenda, sempre que há cimalhas, os