VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
ma<strong>de</strong>ira. Para se aprofundar nesse assunto, recomendamos a leitura <strong>do</strong> livro<br />
Através da rótula, <strong>de</strong> Paulo César G. Marins (2003).<br />
Como vimos, a ma<strong>de</strong>ira é usada nessas casas <strong>de</strong> fazenda tanto na estrutura<br />
da gaiola e <strong>do</strong> telha<strong>do</strong> quanto nos pisos, forros e fechamentos. Cada peça<br />
possui uma função específica e um padrão <strong>de</strong> dimensões e sambladuras<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> a cada função. São elas: baldrames, vigas-madres, barrotes, tábuas <strong>do</strong><br />
piso, rodapés, roda-ca<strong>de</strong>iras e roda-tetos, esteios, pés-direitos, cunhais, frechais,<br />
vergas, peitoris, travamentos diagonais, tacaniças, caibros, cimeiras, cachorros,<br />
tábuas <strong>do</strong> forro, cimalhas, guarda-pós, calhas <strong>de</strong> portas e janelas e pinázios.<br />
Para cortar, <strong>de</strong>s<strong>do</strong>brar, serrar, cavar, entalhar e furar usavam-se ferramentas<br />
específicas, como serras, enxó, puas, macha<strong>do</strong>s etc.<br />
As ma<strong>de</strong>iras mais usadas na região eram o pau-óleo ou cabreúva, o cedro,<br />
a peroba e o jacarandá, este último preferi<strong>do</strong> para os móveis. Nas regiões mais<br />
altas, como na Mantiqueira, é comum o uso da araucária para as tábuas <strong>de</strong><br />
piso e forro. Como forma <strong>de</strong> proteção, a ma<strong>de</strong>ira é sempre pintada, com<br />
exceção <strong>do</strong> piso e das peças <strong>do</strong> porão. Utiliza-se a tinta a óleo para a pintura<br />
das ma<strong>de</strong>iras e a cal para as pare<strong>de</strong>s. Internamente, as casas po<strong>de</strong>m receber<br />
diversos tipos <strong>de</strong> pintura ornamental, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um simples barra<strong>do</strong> dividin<strong>do</strong> a<br />
pare<strong>de</strong> na altura <strong>do</strong> roda-ca<strong>de</strong>ira até pinturas <strong>de</strong> ce<strong>nas</strong> religiosas, naturezas<br />
mortas, paisagens da fazenda, caçadas ou mesmo pintura ilusionista, passan<strong>do</strong><br />
por diversos tipos <strong>de</strong> textura, como a <strong>de</strong> mármore e a <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras, além das<br />
gregas e padrões florais.<br />
Técnica e estética<br />
A resultante formal que caracteriza uma <strong>de</strong>terminada arquitetura, uma<br />
<strong>de</strong>terminada família tipológica, é a combinação entre certa intenção plástica,<br />
sua corrente estilística e as técnicas construtivas a<strong>do</strong>tadas. Algumas correntes<br />
estilísticas estão intimamente ligadas à técnica construtiva a<strong>do</strong>tada; é<br />
impossível, por exemplo, imaginar uma catedral românica sem as robustas<br />
pare<strong>de</strong>s portantes <strong>de</strong> pedra, ou um templo japonês sem suas estruturas <strong>de</strong><br />
ma<strong>de</strong>ira. Outros estilos arquitetônicos, porém, não estão estritamente liga<strong>do</strong>s<br />
a uma técnica construtiva, mas sim associa<strong>do</strong>s a valores formais ou a um saber<br />
fazer <strong>de</strong> certa época ou região. Nesses casos, utiliza-se o repertório formal <strong>de</strong><br />
maneira mais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da técnica construtiva.<br />
T é c n i c a c o n st ru t iva<br />
Figura 62 - Instrumentos <strong>de</strong> carpintaria.<br />
Fonte: acervo Museu <strong>de</strong> Artes e Ofícios<br />
(MAO) <strong>de</strong> Belo Horizonte.<br />
Figura 63 - Beirais <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s por Wasth<br />
Rodrigues: cimalha, beiras seveiras e<br />
cachorrada. Fonte: Rodrigues (1980).<br />
91