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VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

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clássicos escritos <strong>de</strong> Sylvio <strong>de</strong> Vasconcellos, o primeiro e mais importante pesquisa<strong>do</strong>r da arquitetura rural<br />

mineira. A pesquisa <strong>de</strong> Vasconcellos teve o mérito <strong>de</strong> estabelecer critérios abrangentes <strong>de</strong> forma concisa e,<br />

como to<strong>do</strong> clássico, precisa ser revista. Nela, o viés mo<strong>de</strong>rnista está presente no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> interpretação <strong>de</strong><br />

nossa arquitetura tradicional, assim como estava presente na obra <strong>de</strong> Lúcio Costa e seus colegas da primeira<br />

geração <strong>do</strong> Movimento Mo<strong>de</strong>rno, que buscavam na arquitetura <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> colonial as raízes da arquitetura<br />

mo<strong>de</strong>rna. Além disso, a pesquisa <strong>de</strong>Vasconcellos concentrava-se principalmente na região central <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong>,<br />

no século XVIII. Muitas vezes, por falta <strong>de</strong> outros trabalhos mais específicos, a arquitetura <strong>de</strong>scrita por<br />

Vasconcellos foi generalizada para to<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> Gerais. Como vimos, porém, Mi<strong>nas</strong> são muitas<br />

e já no século XVIII apresentava uma regionalização que dividia a capitania em zo<strong>nas</strong>: ao centro, as mi<strong>nas</strong>;<br />

ao longo <strong>do</strong> São Francisco, a zona curraleira; ao sul, os campos, e, <strong>nas</strong> extremida<strong>de</strong>s noroeste e nor<strong>de</strong>ste,<br />

os sertões. As comarcas também foram, por essa época, muito mais que subdivisões jurídicas. Assim, cada<br />

região <strong>de</strong>senvolveu características culturais próprias a partir <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s econômicas, suas ligações<br />

políticas, seus povos forma<strong>do</strong>res, sua estrutura social etc. A partir <strong>do</strong> fim <strong>do</strong> século XVIII e início <strong>do</strong> XIX,<br />

como exposto no capítulo anterior, o eixo econômico da província <strong>de</strong>slocou-se da região central para o <strong>Sul</strong><br />

<strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong>, e a arquitetura ali <strong>de</strong>senvolvida apresenta algumas características diferentes, e não menos<br />

importantes, daquelas da região central no século XVIII.Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> a região sul, nomeadamente a comarca<br />

<strong>do</strong> Rio das Mortes, o centro econômico da província por mais <strong>de</strong> um século e polo irradia<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

emigrantes para diversas regiões vizinhas, suas peculiarida<strong>de</strong>s culturais, incluin<strong>do</strong> as arquitetônicas, foram<br />

difundidas e contribuíram imensamente para a formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural mineira. Há diversos relatos<br />

<strong>de</strong> proprietários proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ssa comarca <strong>–</strong> das vilas <strong>de</strong> São João <strong>de</strong>l-Rei, Aiuruoca e Baependi <strong>–</strong> no Vale<br />

<strong>do</strong> Paraíba Fluminense e Paulista, no Nor<strong>de</strong>ste Paulista e também no atual <strong>Sul</strong> <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong>.<br />

A partir <strong>do</strong> texto <strong>de</strong> Vasconcellos, reproduzi<strong>do</strong> a seguir, vamos cotejar, uma a uma, as características <strong>de</strong><br />

cada grupo, mostran<strong>do</strong> suas diferenças e semelhanças.<br />

Restará abordar a arquitetura rural. Esta, mais <strong>do</strong> que a urbana, confirma com maior ênfase a tese da peculiarida<strong>de</strong><br />

das soluções mineiras, quan<strong>do</strong> estas postas em confronto com realizações paulistas ou litorâneas. O tipo comum<br />

<strong>de</strong>stas últimas parece ser, no norte, a casa <strong>de</strong> <strong>do</strong>is pavimentos, com sua varanda <strong>de</strong> canto, assinalada por quantos<br />

<strong>de</strong>senhos nos ficaram da época: em São Paulo a casa baixa, <strong>de</strong> taipa <strong>de</strong> pilão, construída em terraplenos, com sua<br />

varanda toda aberta, entalada entre <strong>do</strong>is cômo<strong>do</strong>s externos. Em Mi<strong>nas</strong> a solução é bem diversa. Ergue-se a<br />

construção sobre esteios <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, pelo menos na sua parte <strong>de</strong> frente, fican<strong>do</strong> a posterior ao nível <strong>do</strong> terreno, solução<br />

permitida pelos aclives naturais que não se corrigem. A varanda interessa a quase toda a fachada, cuja composição<br />

se <strong>de</strong>fine no ritmo <strong>de</strong> seus apoios verticais repeti<strong>do</strong>s. De um la<strong>do</strong>, rematan<strong>do</strong>-a, fica um pequeno cômo<strong>do</strong>, a capela<br />

ou quarto <strong>de</strong> hóspe<strong>de</strong>s, parti<strong>do</strong> que, em planta, po<strong>de</strong> ajustar-se ao paulista ou evoluin<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes mas que igualmente<br />

participam da tradição portuguesa. Para os fun<strong>do</strong>s aparece o puxa<strong>do</strong>, em L, e aí se instalam os serviços,<br />

nomeadamente a cozinha, ampla bastante para servir às refeições <strong>de</strong> escravaria e mesmo <strong>do</strong>s senhores rurais. Aliás,<br />

as casas <strong>de</strong> fazendas mineiras são amplas em to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s, esparramadas nos terrenos, com gran<strong>de</strong>s peças

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