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VOL 2 – Arquitetura nas Fazendas do Sul de Minas ... - Monumenta

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culturais”, que ele também as teve. Não nos esqueçamos da divisão <strong>do</strong> geógrafo Orlan<strong>do</strong> Ribeiro, que<br />

partiu o país em <strong>do</strong>is: o Portugal Atlântico e o Portugal Mediterrâneo, embora essa área <strong>de</strong> cultura<br />

arabizante esteja pelo la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> Gibraltar 3 . No norte, arquitetura <strong>de</strong> pedra; no sul, construções <strong>de</strong><br />

terra <strong>–</strong> taipa <strong>de</strong> pilão ou alvenaria <strong>de</strong> tijolos.<br />

Na prática, o aventureiro português assumiu, <strong>de</strong> uma maneira geral, uma técnica construtiva na qual<br />

compareciam os materiais básicos <strong>de</strong> seu país: a pedra, <strong>nas</strong> fundações, baldrames, embasamentos, cunhais<br />

e aros <strong>de</strong> portas e janelas; a terra, isto é, o a<strong>do</strong>be para a alvenaria das pare<strong>de</strong>s, principalmente nos<br />

preenchimentos <strong>do</strong>s vãos estruturais das armações <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, técnica aperfeiçoada a partir da<br />

reconstrução <strong>de</strong> Lisboa <strong>de</strong>struída pelo terremoto <strong>de</strong> 1755. Ao contrário <strong>do</strong> ban<strong>de</strong>irante, que aplainava o<br />

chão para construir sua casa <strong>de</strong> taipa <strong>de</strong> pilão, o português e seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes sempre trataram <strong>de</strong><br />

respeitar as inclinações acentuadas <strong>do</strong>s terrenos pedregosos <strong>de</strong> difícil aplainamento. Daí, construções <strong>de</strong><br />

meia encosta com partes necessariamente assobradadas.<br />

Sem dúvida, po<strong>de</strong>mos afirmar que essas casas <strong>de</strong> fazenda mineiras <strong>do</strong> século XVIII e <strong>do</strong> início <strong>do</strong> século<br />

XIX não passam <strong>de</strong> retalhos da vida portuguesa trazi<strong>do</strong>s diretamente pelos “aventureiros” que, aos milhares<br />

e em pouco tempo, se apossaram das terras auríferas <strong>de</strong>scobertas pelos paulistas (<strong>de</strong>vidamente expulsos em<br />

1708). Famílias brancas se instalan<strong>do</strong> nos terrenos incultos e distantes das vilas e arraiais. Adaptaram-se ao<br />

meio ambiente. Pela primeira vez, por exemplo, nos ermos da Colônia, usaram a força motriz da água<br />

corrente <strong>de</strong> córregos ou a canalizada para, inicialmente, tocar moinhos e <strong>de</strong>pois, sucessivamente, abastecer<br />

cozinhas, lava<strong>do</strong>uros <strong>de</strong> roupa, irrigar canteiros das “couves” e, por último, passar por baixo <strong>de</strong> latri<strong>nas</strong><br />

suspensas. Hoje, praticamente to<strong>do</strong>s esses agenciamentos estão altera<strong>do</strong>s, fora <strong>de</strong> uso ou <strong>de</strong>struí<strong>do</strong>s por<br />

motivos óbvios, mas através <strong>de</strong> seus vestígios encontráveis aqui e ali e que se completam po<strong>de</strong>mos<br />

reconstituir essa velha prática reparti<strong>do</strong>ra das águas vinda <strong>do</strong>s árabes.<br />

A vida cotidiana intramuros, <strong>nas</strong> roças como nos arraiais e vilas mineiras, <strong>de</strong>finiu-se tanto quanto<br />

fosse possível <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a tradição das famílias <strong>do</strong>s varia<strong>do</strong>s lugares <strong>de</strong> Portugal. Quan<strong>do</strong> acima nos<br />

referimos à adaptação ao meio ambiente, queríamos mencionar a tentativa <strong>de</strong> substituir procedimentos<br />

locais por aqueles da terra <strong>de</strong> origem. Por exemplo, até então, os teares usa<strong>do</strong>s em São Paulo e leva<strong>do</strong>s<br />

para Mi<strong>nas</strong> eram verticais, conforme a usança indígena. Destinavam-se não só à manufatura <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s, mas<br />

também a abastecer os arraiais <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s em geral, sobretu<strong>do</strong> panos rústicos para o vestiário <strong>do</strong>s negros<br />

<strong>do</strong>s garimpos. O português logo tratou <strong>de</strong> introduzir o tear horizontal, <strong>de</strong> maiores recursos nos<br />

urdimentos <strong>de</strong> fios colori<strong>do</strong>s.<br />

Na cozinha, houve alterações significativas. A cozinheira mameluca, em São Paulo ou no sertão,<br />

sempre cozinhou <strong>de</strong> cócoras, ten<strong>do</strong> a panela à frente apoiada em três blocos <strong>de</strong> cupim bem ajeita<strong>do</strong>s para<br />

aquela função; era o “fogão <strong>de</strong> tucuruva”. Em Mi<strong>nas</strong>, a prática caipira foi esquecida com o fogão alto,<br />

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