15.04.2013 Views

Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO

Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO

Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

: I'<br />

54<br />

rio antes de voltar à cidade ou às suas casas.313 Os utensílios<br />

que haviam servido ao sacrifício eram cuidadosamente lavados,<br />

quando não destruÍdos.314 Essas práticas limitavam a ação da<br />

consagração. O fato de terem subsistido na missa cristã indi­<br />

ca sua grande importância. Depois da comunhão o sacerdote<br />

lava o cálice e as mãos; terminada a missa, o ciclo se encerra<br />

e o oficiante pronuncia a fórmula final e liberadora: "Ite, missa<br />

est". O fiel e o sacerdote são liberados, assim como haviam sido<br />

preparados no início da cerimônia. Essas cerimônias corres­<br />

pondem inversamente às que marcaram a entrada no sacrifício,<br />

fazendo-Ihes contrapeso.<br />

Portanto, o estado religioso do sacrificante descreve uma<br />

curva simétrica àquela que percorre a vítima: ele começa por<br />

se elevar progressivamente na esfera do religioso até atingir<br />

um ponto culminante, a partir do qual torna a descer ao pro­<br />

fano. Desse modo, cada um dos seres e dos objetos que de­<br />

sempenham um papel no sacrifício é como que arrastado por<br />

um movimento contínuo que, da entrada à saída, se processa<br />

em duas inclinações opostas. No entanto, se as curvas assim<br />

descritas assumem a mesma configuração geral, não alcançam<br />

a mesma altura: aquela que descreve a vítima é naturalmente<br />

a que atinge o ponto mais elevado. Aliás, está claro que a im­<br />

portância dessas fases de ascensão e descida pode variar infi­<br />

nitamente conforme as circunstâncias. É o que mostraremos<br />

a seguir.<br />

3 ·<br />

COMO O ESQUEMA VARIA SEGUNDO<br />

- /<br />

AS FUNÇOES GERAIS DO SACRIFICIO<br />

No que precede, construímos efetivamente um esquema, mas<br />

esse esquema não é uma simples abstração. Vimos que ele era<br />

realizado in concreto no caso do sacrifício animal hindu, e em<br />

torno desse rito pudemos agrupar um conjunto de ritos sa­<br />

crificiais prescritos pelo ritual semÍtico e pelos rituais gregos<br />

e latinos. Na verdade, ele constitui a matéria comum de que<br />

são feitas as formas mais especiais do sacrifício. Conforme<br />

o fim visado, conforme a função que ele deve cumprir, as<br />

partes que o compõem podem se dispor segundo proporções<br />

diferentes e numa ordem diferente; umas podem adquirir<br />

mais importância em detrimento de outras e algumas podem<br />

mesmo estar totalmente ausentes. Daí nasce a diversidade<br />

dos sacrifícios, mas sem que haja diferenças específicas entre<br />

as diversas combinações. São sempre os mesmos elementos<br />

agrupados de outro modo ou desenvolvidos de forma desi­<br />

gual. É o que iremos tentar mostrar a propósito de alguns<br />

tipos fundamentais.<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!