Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO
Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO
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rio antes de voltar à cidade ou às suas casas.313 Os utensílios<br />
que haviam servido ao sacrifício eram cuidadosamente lavados,<br />
quando não destruÍdos.314 Essas práticas limitavam a ação da<br />
consagração. O fato de terem subsistido na missa cristã indi<br />
ca sua grande importância. Depois da comunhão o sacerdote<br />
lava o cálice e as mãos; terminada a missa, o ciclo se encerra<br />
e o oficiante pronuncia a fórmula final e liberadora: "Ite, missa<br />
est". O fiel e o sacerdote são liberados, assim como haviam sido<br />
preparados no início da cerimônia. Essas cerimônias corres<br />
pondem inversamente às que marcaram a entrada no sacrifício,<br />
fazendo-Ihes contrapeso.<br />
Portanto, o estado religioso do sacrificante descreve uma<br />
curva simétrica àquela que percorre a vítima: ele começa por<br />
se elevar progressivamente na esfera do religioso até atingir<br />
um ponto culminante, a partir do qual torna a descer ao pro<br />
fano. Desse modo, cada um dos seres e dos objetos que de<br />
sempenham um papel no sacrifício é como que arrastado por<br />
um movimento contínuo que, da entrada à saída, se processa<br />
em duas inclinações opostas. No entanto, se as curvas assim<br />
descritas assumem a mesma configuração geral, não alcançam<br />
a mesma altura: aquela que descreve a vítima é naturalmente<br />
a que atinge o ponto mais elevado. Aliás, está claro que a im<br />
portância dessas fases de ascensão e descida pode variar infi<br />
nitamente conforme as circunstâncias. É o que mostraremos<br />
a seguir.<br />
3 ·<br />
COMO O ESQUEMA VARIA SEGUNDO<br />
- /<br />
AS FUNÇOES GERAIS DO SACRIFICIO<br />
No que precede, construímos efetivamente um esquema, mas<br />
esse esquema não é uma simples abstração. Vimos que ele era<br />
realizado in concreto no caso do sacrifício animal hindu, e em<br />
torno desse rito pudemos agrupar um conjunto de ritos sa<br />
crificiais prescritos pelo ritual semÍtico e pelos rituais gregos<br />
e latinos. Na verdade, ele constitui a matéria comum de que<br />
são feitas as formas mais especiais do sacrifício. Conforme<br />
o fim visado, conforme a função que ele deve cumprir, as<br />
partes que o compõem podem se dispor segundo proporções<br />
diferentes e numa ordem diferente; umas podem adquirir<br />
mais importância em detrimento de outras e algumas podem<br />
mesmo estar totalmente ausentes. Daí nasce a diversidade<br />
dos sacrifícios, mas sem que haja diferenças específicas entre<br />
as diversas combinações. São sempre os mesmos elementos<br />
agrupados de outro modo ou desenvolvidos de forma desi<br />
gual. É o que iremos tentar mostrar a propósito de alguns<br />
tipos fundamentais.<br />
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