Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO
Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO
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VI, 7, 13); além disso, o estômago e os excrementos e os talos de relva<br />
<strong>sobre</strong> os quais se derrama o sangue recolhido (Ap. çr. sU. não oferece<br />
esses detalhes; ver Schwab 1896: 137) são enterrados na "fossa dos<br />
excrementos", fora do lugar sacrificial (Ap.çr.su. VII, 16, I; Açv.çr.su. III,<br />
3, I). O Ait.Br. (6,6, 16) da uma outra interpretação a esse enterra<br />
mento. Os textos variam bastante <strong>sobre</strong> as partes dadas aos demônios.<br />
Foi visto como rito irreligioso (Ait.Br. 6,7, 2) convidar os inimigos<br />
dos deuses ao sacriflcio. Mas os ritos são claros: em geral todos os<br />
restos não utilizaveis dos sacrificios (por exemplo, os farelos dos<br />
grãos amassados para fazer um bolo) são rejeitados, expulsos. Pode-se<br />
comparar com esses fatos a pratica grega do sacriflcio a ''RpayaW1Àia,<br />
quando era jogada fora a bile da vítima (Plutarco, Conj. Prac. [Preceitos<br />
conjugais]' 27), e a prescrição bíblica de enterrar o sangue das aves de<br />
purificação. Cabe observar que o ritual dos sacrifícios na índia prova<br />
que, contrariamente às idéias aceitas, um sacrifício sangrento nem<br />
sempre tem necessariamente por principio o uso do sangue.<br />
266 A parte superior do peritônio, musculosa e gordurosa, "a mais sucu<br />
lenta, para ti, do meio, entre as gorduras, foi retirada, nós te damos"<br />
(R. V. III, 2I, 5). E a parte central do animal, o principio de sua vida<br />
individual, seu âtman (Taitt. S. 6, 3, 9, 5), assim como "o sangue é a<br />
vida" entre os semitas. E o principio sacrificial da vítima (o medhas)<br />
(Taitt.S. 3, 1,5,2; Çat.Br. 3, 8, 2, 28). Ver em Ait.Br. 7,3,6 um curioso<br />
mito ritual.<br />
267 Ap.çr.su. VII, 19, 3-ss. À frente marcha um sacerdote segurando uma<br />
tocha acesa, depois o sacerdote que leva a porção com o auxílio de<br />
dois espetos (pois ele não deve toca-Ia diretamente), depois o sacrifi<br />
cante, que segura o sacerdote, como foi indicado mais acima (Ap.çr.su.<br />
VII, 19, 6, 7 e coment.). As razões do rito são as mesmas que aquelas<br />
indicadas mais acima (cf. Taitt.S. 6, 3,9, 3 e 4).<br />
268 R. V. III, 2I, 5. Trad. Oldenberg (ad loc.) do termo Sâyana em R. v. e<br />
Taitt.Br.<br />
269 Todo o rito é muito antigo, pois um dos sacerdotes recita o hino R. v.<br />
lI, 75, I e depois III, 2I por inteiro (Taitt.Br. 3,6,7, I -ss; M.S. 3, 10, I.<br />
Cf. Taitt.S. 6, 4,3,5; Ait.Br. 7, 2, 5-ss; Schlãfli 1876-88 ,IV: 303). Ber-<br />
gaigne (1889: 18) considera esse hino recente por ser composto de<br />
versos com metros variados, isto é, de uma série de fórmulas inteira<br />
mente separadas (ver Oldenberg, "Vedic Hymns", in S.B.E. XLVI:283).<br />
E incontestavel que as fórmulas são de diversas fontes e foram corri<br />
gidas tardiamente, mas são muito anteriores ao hino. Desse modo, se<br />
não possui unidade de redação, o hino apresenta uma unidade de ob<br />
jeto, e a maneira como foi composto demonstra que ele se liga a um<br />
dos ritos mais antigos. O hino descreve muito exatamente todos os<br />
detalhes da operação (cf. Taitt. S. 6, 3, 9, 5; çat. Br. 3, 8, 2, I I). Nesse<br />
rito sacrificial, um dos mais importantes, os brâmanes encontraram<br />
uma significação naturalista.<br />
270 Ap.çr.su. VII, 22, 2.<br />
271 Todos se lavam (Ap.çr.su. VII, 22, 6 = Kât.çr.su. 6, 6, 29 = Açv.çr.su. 3, 5,<br />
I e 2). Os mantras são Taitt.S. 4, 1,5, I = R. V. x, 9, 1-3. V.S. VI, 16 ofe<br />
rece o mesmo texto que A. V. VI, 89. O ultimo mantra exprime a liber<br />
tação da doença, do pecado, da morte, da maldição, divina e humana.<br />
Alias, quando o sacrifício tem por finalidade redimir um homem é o<br />
sacrifício da vâpa que marca o momento preciso da remissão.<br />
272 VerSchwab 1896: I26-ss.<br />
273 Ver Schwab 1896: 141, n. I; Schlãfli 1876-88, IV: 361; Ap.çr.su. VII,<br />
27, 7-ss; Çat.Br. 3,8,3,10, Eggeling ad loco<br />
274 Ap.çr.su. VII, 25, 8.<br />
275 Taitt.S. 6,3, I I, I. Durante a sacrificação recitam-se R.V. VI, 60,13;<br />
I, 1°9,7 e 6 = Taitt.Br. 6,3, I I, I-SS, fórmulas de glorificação aos<br />
deuses e que descrevem o modo como eles aceitam a oferenda e a<br />
consomem assim que lhesé enviada.<br />
276 A Agni, que perfaz os ritos (Weber 1865: 218; Hillebrandt 1879:<br />
I I 8). Quanto aos outros seres aos quais são atribuídas porções (do<br />
intestino grosso) numa oferenda suplementar, cf. Ap.çr.su. VII, 26,<br />
8-ss; Schwab 1896: n. 104. Os mantras recitados e as respostas se<br />
correspondem bastante mal.<br />
277 Pode-se acrescentar outras, sem ossos (Ap.çr.su. VII, 24, I I).<br />
278 Sobre a idâ, ver Oldenberg I894a: 289-SS.<br />
279 Ver Bergaine 1878-83, I: 323, 325; lI: 92, 94; Lévi 1898: I03"ss.<br />
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