Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO
Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO
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que os mesmos efeitos buscados pelos nossos mais remotos<br />
antepassados. O mecanismo da consagração da missa católica<br />
é, em linhas gerais, o mesmo que o dos sacrifícios hindus. Ele<br />
nos apresenta, com uma clareza que nada deixa a desejar, o rit<br />
mo alternado da expiação e da comunhão. A imaginação cristã<br />
se erigiu <strong>sobre</strong> planos antigos.<br />
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CONCLUSÃO<br />
Compreende-se melhor agora em que consiste, a nosso ver, a<br />
unidade do sistema sacrificial. Ela não decorre, como acredi<br />
tou Smith, de que todos os tipos possíveis de sacrifícios te<br />
nham saído de uma forma primitiva e simples. Um tal sacrifí<br />
cio não existe. De todos os procedimentos sacrificiais, os mais<br />
gerais, os menos ricos em elementos que pudemos obter, são<br />
os de sacralização e de dessacralização. Ora, em todo sacrifício<br />
de dessacralização, por mais puro que seja, nem sempre encontramos<br />
uma sacralização da vítima. Inversamente, em todo<br />
sacrifício de sacralização, mesmo o mais caracterizado, uma<br />
dessacralização está necessariamente implicada; pois de outro<br />
modo os restos da vítima não poderiam ser utilizados. Esses<br />
dois elementos são portanto tão interdependentes que um não<br />
pode existir sem o outro.<br />
Mas esses dois tipos de sacrifício ainda não são senão ti<br />
pos abstratos. Todo sacrifício ocorre sob certas circunstâncias<br />
e em vista de fins determinados, e da diversidade dos fins que<br />
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