Ensaio sobre o Sacrifício - WESLEY CARVALHO
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tudo, o Aitareya Brâhmana (Ait.Br.), ed. Aufrecht, trad. Hang; e como<br />
sutra o Açvalâyana çrauta sutra (Açv.çr.su.), ed. Bibl. Ind. "Escolas do<br />
oficiante" - Escola do Yajur-Veda branco (Vâjasaneyins), com os textos<br />
editados porWeber: Vâjasaneyi-Samhitâ (v.s.), veda das fórmulas; Ça<br />
tapatha Brâhmana (Çat.Br.), trad. Eggeling em Sacred Books ifthe East<br />
(S.B.E.) XXII,XXIII,XLI,XLVI;Kâtyâyana çrauta sutra (Kât.çr.su.). Escola<br />
do Yajur-Veda negro (Taittiriyas): Taittiriya Samhitâ (Taitt. S.), ed. Weber<br />
1871-72, contém as fórmulas e o Bramana; Taittiriya Brâhmana (Taitt.<br />
Br.) contém igualmente fórmulas e o Bramana; Apastamba çrauta sutra<br />
(Ap.çr.su.), ed. Garbe, cujo ritual seguimos particularmente. A esses<br />
textos <strong>sobre</strong>põem-se os do ritual doméstico, os grhya sutras das diver<br />
sas escolas (trad. Oldenberg em S.B.E. XXIX,XXX).Ao lado deles acha<br />
se a série dos textos atarvânicos (do brahman): Atharva- Veda (A. v.), veda<br />
dos encantamentos, ed. Whitney e Roth, trad. Bloomfield em S.B.E.<br />
XLII, livros VIII-XIII,Henry; Kauçika sutra (Kauç.su.), ed. Bloomfield.<br />
Nosso estudo do ritual hindu não teria sido possível sem os livros de<br />
Schwab e Hillebrandt e sem a assistência pessoal dos senhores Caland,<br />
Winternitz e Silvain Lévi, professores de um de nós.<br />
Para o nosso estudo do sacrifício bíblico, tomaremos por base o Pentateuco.<br />
Não procuraremos tomar da crítica bíblica os 'elementos de<br />
uma história dos ritos sacrificiais hebreus. Primeiro, porque os materiais<br />
são, a nosso ver, insuficientes. Além disso, embora acreditemos<br />
que a crítica bíblica pode constituir a história dos textos, recusamos<br />
confundir essa história com a dos fatos. Em particular, seja qual for<br />
a data de redação do Levítico e do Priestercodex [Código Sacerdotal]<br />
em geral, acreditamos que a idade do texto não é necessariamente<br />
a idade do rito; os traços do ritual talvez só tenham sido fixados tar<br />
diamente, mas existiam antes de serem registrados. Assim pudemos<br />
evitar colocar a questão, a propósito de cada rito, de saber se ele per<br />
tencia ou não a um ritual antigo. Sobre a fragilidade de algumas con<br />
clusões da escola crítica, ver Halévy 1898: 1-ss, 97-ss, 193-ss, 289-SS;<br />
1899: I-SS. Sobre o sacrifício hebreu, ver Munk 1845; Nowack 1894:<br />
138-ss; Benzinger 1894: 431-ss; Hupfeld 1851; Riehm 1854 e 1877;<br />
Rinck 1855; Bachmann 1858; Kurtz 1862; Orelli 1884; Müller 1884;<br />
Schmoller 189 1;Volck I 893; Baentsch 1893; Kamphausen 1896. So<br />
bre os textos evangélicos relativos ao sacrifício, ver Compton 1896.<br />
I • DEFINIÇÃO E UNIDADE DO SISTEMA SACRIFICIAL<br />
10 O yajamâna dos textos sânscritos. Observemos o emprego dessa<br />
palavra, particípio presente médio do verbo yaj (sacrificar). Para os<br />
autores hindus, o sacrificante é aquele que espera um retorno <strong>sobre</strong><br />
si dos efeitos de seus atos (cotejar a fórmula védica "nós que sacrifi<br />
camos para nós", 'ye yajâmahe", com a fórmula avéstica 'yazamaide"; cf.<br />
Hillebrandt 1897: 1I). A nosso ver, esses benifícios do sacrifício são<br />
repercussões necessárias do rito. Eles não se devem a uma livre von<br />
tade divina que a teologia aos poucos intercalou entre o ato religioso<br />
e seus desdobramentos. Assim se compreenderá que negligenciamos<br />
certas questões que implicam a hipótese do sacrifício-dádiva e a in<br />
tervenção de deuses rigorosamente pessoais.<br />
11 É o caso normal no sacrifício hindu, que é o mais rigorosamente<br />
individual possível.<br />
12 Por exemplo, Ilíada, A, 313 -ss.<br />
13 É o caso em particular dos sacrifícios verdadeiramente totêmicos, da<br />
queles nos quais o próprio grupo faz o papel de sacrificador, matando,<br />
dilacerando e devorando a vítima, e ainda de muitos sacrifícios huma<br />
nos, <strong>sobre</strong>tudo os do endocanibalismo. Mas em geral o simples fato<br />
de assistir é suficiente.<br />
14 Na Índia antiga o dono da casa (grhapali) .às vezes sacrifica por toda<br />
a sua família. Quando ele é apenas participante nas cerimônias, sua<br />
família e sua mulher (esta última presente nos grandes sacrifícios)<br />
recebem alguns efeitos delas.<br />
15 Segundo Ezequiel (XLV,17; cf. II Crônicas XXXI,3), o príncipe (naçi<br />
= exilarca) devia arcar com os custos do sacrifício das festas, fornecer<br />
as libações e a vítima.<br />
16 Isso será abordado na seção IV.<br />
17 A ser abordado na seção IV. Citaremos particularmente os sacrifícios<br />
para a entrada de um hóspede na casa: Trumbull 1896: 1-ss.<br />
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