A felicidade existe - Racionalismo Cristão
A felicidade existe - Racionalismo Cristão
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As imperfeições humanas estão no espírito embotadas, enclausuradas, latentes, e é preciso<br />
que seja provocada a sua exteriorização, a fim de serem reconhecidas e aniquiladas.<br />
A víbora peçonhenta escondida na toca, na moita ou no entulho, precisa ser descoberta, para<br />
que a defesa contra ela se possa operar, sendo necessário que se conheça o mal de que está<br />
acometido o enfermo, para se promover a sua cura. Assim, a vaidade, a presunção, o orgulho, a<br />
índole vingativa e perversa, as inclinações desonestas e toda sorte de atributos negativos que se<br />
acham ocultos no âmago do indivíduo precisam ser descobertos, para que se lhes possa dar combate<br />
mortal.<br />
A maneira de provocar esses atributos negativos, de fazer com que se manifestem, está em<br />
oferecer-lhes alimento farto e meios para que essas imperfeições transbordem no gozo do seu<br />
fascínio. Os que estiverem desfrutando a vida egoisticamente, fartando os instintos animalizados<br />
sem cuidar da parte espiritual, estarão se saturando nas ilusórias delícias do paraíso terreno. É um<br />
estado de que ninguém se precisa lastimar de o não possuir.<br />
Os que saírem do charco moral para penetrar na vida extraterrena estarão sujeitos a passar<br />
algum tempo nos charcos fluídicos do astral inferior, antes de se prepararem para uma nova<br />
encarnação, em que os sentimentos inferiores, aflorados na encarnação pretérita, tenham de passar<br />
pelas provas cruentas da extirpação, que os há de aniquilar.<br />
Essas provas se traduzem numa vida cheia de obstáculos, carências, dificuldades, esforços<br />
infrutíferos, fracassos e numerosos outros artifícios capazes de fazer sofrer e despertar a alma para a<br />
realidade.<br />
De nada adianta achar que as coisas deveriam ser resolvidas de outro modo, que poderia<br />
haver um outro meio menos rigoroso de promover a evolução, pois a ordem estabelecida é essa, foi<br />
assim há milhões de anos, não há perspectiva de ser mudada, e o certo é que aqueles que a<br />
desprezarem sofrerão inapeláveis e dantescas conseqüências.<br />
Como se vê, os aparentes contrastes que se observam na vida têm a sua razão de ser, por<br />
obedecerem ao movimento geral da evolução; sempre há os que, em tempos idos ou atuais, foram<br />
ou são participantes desses quadros apresentados. Os que almejam afundar-se, espontaneamente, no<br />
charco das ilusões terrenas terão satisfeitas as suas pretensões; os que já passaram por essa prova e<br />
conseguiram libertar-se da sua atração podem considerar-se mais felizes.<br />
É a falta de esclarecimento ou de espiritualidade que faz com que as criaturas não eduquem<br />
as suas virtudes latentes, não reforcem as suas convicções morais inatas para, pelo poder do<br />
raciocínio, pela ligação espiritual que fizerem com as Forças Superiores, não se submeterem a<br />
condições subalternas e eliminarem as reações instintivas, com os recursos de que dispõe o próprio<br />
espírito.<br />
Vale assinalar que todo ser humano tem, no seu conteúdo, pela ação do livre-arbítrio,<br />
capacidade para desenvolver os atributos morais negativos ou positivos, ou ambos, dependendo isso<br />
das suas próprias decisões, de querer, ou não, ouvir e atender à voz da consciência, de raciocinar e<br />
firmar o controle de si mesmo. Não fosse o mau uso do livre-arbítrio, a evolução se processaria<br />
harmoniosamente, de escala em escala, sem longos estágios recuperativos, mas seguindo uma linha<br />
em espiral, em marcha ascensional sucessiva.<br />
Cumpre a cada um velar pelos assuntos espirituais do seu interesse, examiná-los, estudá-los<br />
e concluir algo de racional em torno de suas deduções. Na arena da vida, perde quem pensa em<br />
ganhar o mundo com as suas fantasias, iludido pelos contrastes.<br />
Não se julgue ser indispensável ao indivíduo passar por todas as torturas que a vida terrena<br />
oferece, para poder evoluir; estas só se manifestam em conseqüência da má aplicação do livre-