A felicidade existe - Racionalismo Cristão
A felicidade existe - Racionalismo Cristão
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Não há razão para se tachar de ignorante o ser inculto, porque este sabe fazer muitas coisas<br />
que o sábio desconhece. Além disso, qualquer sábio poderia ter cometido maiores erros nas vidas<br />
passadas, ficando obrigado, para o reajustamento da sua estrutura psíquica, a voltar à Terra em<br />
condições humildes.<br />
Há numerosas pessoas que têm apreciável cabedal de conhecimentos adquiridos nos<br />
milhares de existências terrenas, mas estão ocultos, não revelados, em estado latente, por<br />
conveniência do espírito, para que sejam obrigadas a viver à custa de trabalho manual, e aí colham<br />
as experiências imprescindíveis.<br />
O desconhecimento que se revela em muitos seres pela falta de cultura literária, científica,<br />
profissional e artística, é necessário, pois, caso contrário, se essa cultura fosse comum a todos,<br />
ninguém iria ocupar-se de tarefas árduas e penosas, pois desejariam ser cientistas, literatos e<br />
artistas.<br />
Todos os indivíduos merecem o melhor respeito pela posição que ocupam na Terra, sejam<br />
cultos ou incultos, porque cada qual é indispensável, no seu ramo, ao mecanismo da vida.<br />
O que todos, porém, podem e devem procurar fazer é o cultivo da espiritualidade, que é<br />
oferecido no mundo, por igual, a todas as classes. De um modo geral, só é ignorante das questões<br />
espiritualistas, em meios civilizados, os que quiserem ser, porque ensinos que conduzam ao<br />
conhecimento da verdade sobre a vida fora da matéria chegam às mãos (ou podem chegar) daqueles<br />
que, sinceramente, os desejarem possuir.<br />
Se a ignorância, pois, deve ser atribuída a alguém, esse alguém é o descuidado com relação à<br />
vida espiritual, que não recebe, por negligência, a alimentação devida para fortalecê-lo, como<br />
convém, por meio de um viver racionalizado, como fazem aqueles que se mostram decididos a<br />
seguir a sua jornada pelo caminho da espiritualidade.<br />
O espiritualista não se afasta da sua tarefa, não se queixa dela, não desanima no seu esforço<br />
cotidiano, porque sabe a razão de estar na posição em que se encontra, e procura, dentro do seu<br />
mister, fazer o melhor possível, na certeza de que é uma peça ativa no conjunto universal. O<br />
esclarecido nos problemas espirituais não pode ser ignorante, mesmo que nesta existência se<br />
apresente inculto. O espiritualista verdadeiro é alma velha, curtida, experimentada, lavrada pelo<br />
sofrimento, que possui, no seu acervo eterno, cabedal volumoso de conhecimentos de valor,<br />
conhecimentos que podem não se revelar em cada encarnação, no seu conjunto.<br />
O termo ignorante é, às vezes, empregado pejorativamente, em caráter agressivo, mas tal<br />
aplicação não encontra apoio na formação cristã. Geralmente, os que mais se servem de expressões<br />
contundentes para atingir o próximo são os que mais precisam de luzes para a retificação da sua<br />
marcha. A ignorância que é mais necessário combater é a de ordem espiritual, sem o que o mundo<br />
não sairá da rotina materialista que o detém.<br />
No trabalho, nas atividades terrenas, todos têm oportunidade de aumentar seus<br />
conhecimentos dentro da profissão que exercem, e devem pugnar por aumentá-los. Procure a<br />
criatura não ignorar coisa alguma do que disser respeito às responsabilidades que assumir. Agindo<br />
assim estará, automaticamente, ampliando os horizontes da mente, ganhando experiência,<br />
produzindo com mais eficiência e colaborando com os batalhadores das correntes do bem.<br />
A ignorância reflete obscuridade, cegueira e limitação. O espírito, para se sentir feliz, há de<br />
encontrar luz: a luz da verdade espiritualista, do amor, da sabedoria. O encarnado pode mostrar-se<br />
inculto por contingência da vida, mas sua alma pode sentir-se iluminada pelo clarão da luz<br />
espiritual.