A felicidade existe - Racionalismo Cristão
A felicidade existe - Racionalismo Cristão
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dia não chegar, é indispensável que se saibam portar condignamente diante das circunstâncias<br />
adversas.<br />
É necessário que as obrigações domésticas não perturbem a paz do espírito, não diminuam o<br />
afeto pelo marido, não transformem as boas disposições morais, não provoquem discussões,<br />
queixas, gemidos e lágrimas de arrependimento. A incompreensão e o egoísmo geram situações<br />
desagradáveis diante do quadro imposto pelas obrigações domésticas.<br />
Às vezes, certas moças teimam, por capricho ou por outro motivo, em unir-se pelo<br />
casamento a quem não devem, impressionadas por dotes físicos ou por palavras embaladoras, sem<br />
que a razão pese no assunto, e o resultado é um desajustamento incorrigível.<br />
A jovem, dispondo-se a dar ao lar a contribuição valiosa que é o senso das obrigações<br />
domésticas, deve reservar essa virtude para quem mereça, para quem possa apreciar essa qualidade,<br />
para quem tenha dotes morais elevados, para quem saiba corresponder a esse atributo.<br />
Previamente preparada para a reencarnação, traz a criatura traçado o seu caminho, em linhas<br />
gerais, cabendo submeter-se aos trabalhos que escolher para realizar. Se adotou o sexo feminino<br />
para ser esposa e mãe, em condições mais ou menos modestas, veio para desempenhar o seu papel,<br />
do qual não se deve procurar esquivar. Quando assim não procede, os débitos se avolumam.<br />
Importante é que ninguém se esqueça deste ponto fundamental: o mundo, ao invés de ser um<br />
éden, é uma prisão, um hospital, integrado, na sua maioria, de elementos humanos plenos de falhas<br />
e imperfeições; é uma escola de sofrimento renovador, de aparentes injustiças, de ilusões e<br />
conseqüentes desilusões, de trabalho físico árduo, espinhoso e desgastante. Não é desfrutado<br />
gostosamente senão por instantes, só para saber-se avaliar o valor do bem e do que é bom, para que<br />
se prossiga em sua permanente busca.<br />
Cientes da realidade dos fatos, cabe às jovens meditar sobre este tema, dispondo-se a<br />
enfrentar, corajosamente, a trajetória terrena, que é, apenas, mais uma vida seguida a tantas outras.<br />
Embora pareça muito longa, uma existência de setenta ou mais anos pouco representa no conjunto<br />
da vida eterna.<br />
Se as obrigações domésticas forem bem cumpridas, boas perspectivas se abrem para o<br />
futuro, quando outras atribuições mais leves, mais agradáveis, estarão reservadas.<br />
Um dos males está em a criatura crer falsamente que a vida se resume nesta curta<br />
permanência terrena, e que por isso deve aproveitá-la materialmente ao máximo.<br />
Não precisa a moça pobre ter inveja da rica, porque também será rica, um dia, e então verá<br />
que a <strong>felicidade</strong> não está na riqueza; não precisa lamentar-se por não possuir jóias, porque as poderá<br />
ter, até em abundância; não precisa amargurar-se por não poder viajar pelo mundo, porque esse dia<br />
vai chegar, e há de sentir esse desejo saturado. Tudo quanto for desejado ardentemente será<br />
convertido em realidade. Evidentemente não faltarão reencarnações em número suficiente para que<br />
todas as aspirações terrenas sejam consumadas.<br />
Uma vez, pois, que não faltará tempo e ocasião para a satisfação de todos os anseios,<br />
materiais ou não, faça-se em cada encarnação o máximo que se puder em prol da evolução, dentro<br />
ou fora do quadro das obrigações domésticas.<br />
Todos devem obedecer docilmente às imposições da vida, aceitando o mundo como ele é, e<br />
não querendo transformá-lo, da noite para o dia, naquele mundo imaginário e ideal que os sonhos<br />
acalentam. No palco da vida, todos têm o seu papel, e cada qual precisa esforçar-se para representálo<br />
bem, não de acordo com o seu egoísmo, mas conforme a orquestração geral e as normas de<br />
respeito ao próximo, incluindo as que envolvem o interesse sadio da coletividade.