PARA ALÉM DO QUE OS OLHOS VEEM - Senador Paulo Paim

Esmeralda
Lembro-me que nos meus tempos de guri, a chegada de ciganos em uma cidade fazia uma verdadeira revolução.
Eu e meus amigos ficávamos assistindo aquele espetáculo das montagens das lonas, aquele desfile de roupas coloridas,
aquela gente falando diferente e de um modo muito alegre e extrovertido. Eles gostavam de dançar e isso nos deixava
com os olhos arregalados de curiosidade e de encantamento.
Andarilhos, assim eles eram chamados e sua vida era considerada incerta, um dia aqui, outro acolá. Lembro tam-
bém que eles eram muito criticados pelas pessoas. Alguns diziam para ficarmos afastados deles. Achávamos aquilo
estranho, porque eles não nos pareciam perigosos.
Na verdade eles eram, ou melhor, eles são, apenas, de outra etnia e, sendo assim, tem costumes próprios, um
modo de vida próprio.
Essa é a razão pela qual acredito fazer-se necessária a criação de um estatuto dos ciganos e expressei a ideia na
audiência pública que a CDH realizou em 25 de maio de 2011.
A aprovação pelo Congresso de um estatuto dos ciganos, texto legal que consagraria os direitos dessa etnia, ga-
rantiria a eles a “cidadania cigana”.
Sugeri, assim, a elaboração de uma minuta a ser posteriormente apresentada à comissão por uma entidade na-
cional representativa dos ciganos, como base para o projeto de lei do estatuto.
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