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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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Mesmer, que em geral só se ativeram aos seus aspectos pitorescos ou<br />

impressionantes.<br />

Mesmer descobriu — ou redescobriu, porque na verdade a coisa já era<br />

muito antiga e remonta a Hipócrates — e proclamou que o caminho da<br />

cura tanto física como nervosa — entendamos aqui: psicológica — passa<br />

obrigatoriamente por uma crise, ou antes, por uma série de crises salutares.<br />

Primeiro é preciso purgar o mal, dizia Mesmer, para substituí-lo pelo bem<br />

e a saúde. Nenhuma doença, física ou moral, pode sarar sem a crise<br />

curativa. E por crise, Mesmer entendia todo fenômeno patológico agudo<br />

ligado a uma certa diátese individual, e de maneira alguma apenas as crises<br />

convulsivas a que se apegaram quase exclusivamente os seus detratores já<br />

há dois séculos, acusando-o de nada ter feito além de "fabricar histeria",<br />

como mais tarde diria Bernheim. É verdade que as "crises" por que<br />

passavam as distintas senhoras da sociedade parisiense reunidas em torno<br />

do balde mesmeriano, em parte, tinham esse caráter. Neurose de essência<br />

coletiva, "ter seus vapores", porque é disso que se tratava, era na época a<br />

doença da moda entre as mulheres da sociedade. Com toda evidência,<br />

havia nessas manifestações, freqüentemente desordenadas, muito de<br />

folclore, muito de teatro. Mas a teoria das crises segundo Mesmer na<br />

verdade era uma coisa muito mais séria. "A purgação do mal durante a<br />

crise" se traduz muito normalmente, sustentava Mesmer, por um<br />

agravamento momentâneo e aparente da doença. Esse agravamento seria<br />

apenas uma catarse, um esforço benéfico da natureza para restabelecer —<br />

por meio da desintegração e da eliminação dos "humores viscosos" se for<br />

um mal físico, ou das "obstruções do espírito" se for uma perturbação<br />

mental — a saúde comprometida pela deficiência da energia nervosa, pela<br />

insuficiência ou desequilíbrio do fluido vital.<br />

A esta deficiência Mesmer chamava de enervação, uma palavra e uma<br />

noção que mais de um século depois dele, como já vimos, seriam<br />

retomadas por Tilden e pela escola higienista americana e também, muito<br />

recentemente, pela escola soviética de Nikolaiev. "Só existe uma doença,<br />

um remédio, uma cura", proclamava Mesmer tomando posição<br />

vigorosamente contra a medicina sintomática do seu tempo (medicina que<br />

prevalece ainda quase exclusivamente, ao menos no mundo ocidental).<br />

Como escreveu Mesmer5, "substantivaram-se (os sintomas), fizeram deles<br />

outras tantas doenças e caracterizou-se cada uma delas por um nome.<br />

Estudam-se, analisam-se... os sintomas como coisas... E eis a fonte dos<br />

erros que desolam a humanidade depois de tantos séculos". No tratamento<br />

das doenças é a energia nervosa que convém restaurar e aumentar, concluía<br />

Mesmer. Tal era, de fato, o objetivo que ele atribuía ao magnetismo<br />

animal: uma transfusão de energia vital, de força nervosa, do mais dotado<br />

ao menos provido.

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