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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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instâncias superiores do controle mental consciente nele estão diminuídas e<br />

são as instâncias inferiores do cérebro que regem o comportamento.<br />

Depois de primeiro ter praticado, a exemplo de Liébeault, a terapia<br />

sugestiva sob hipnose, Bernheim, preocupado em evitar a absoluta<br />

dependência em que esta coloca o paciente, passou rapidamente a negar<br />

toda a existência dessa mesma hipnose. Para o chefe da escola de Nancy,<br />

em definitivo só existiam a sugestão e a sugestibilidade, elementos<br />

naturais, fundamentais, irredutíveis, da vida psíquica de todo ser humano.<br />

Nem tudo está na sugestão, mas a sugestão está em tudo", afirmava<br />

Bernheim.<br />

Esclareçamos a questão: o que se pode censurar mais valida-mente à escola<br />

de Nancy — e o que não o deixaram de fazer em particular psicanalistas<br />

como Chertok e Saussure — é o ter desconhecido quase totalmente a<br />

importância do fator recíproco e afetivo latente nos fenômenos sugestivos,<br />

de ter despersonalizado a relação e, exatamente por isso, ter passado ao<br />

largo do essencial da sugestão. Não é que Bernheim e sobretudo Liébeault<br />

não estivessem conscientes da importância do elemento pessoal na relação<br />

entre o médico e o seu paciente e da força sugestiva que emana da própria<br />

pessoa do primeiro. Mas um e outro entendiam essa força como sendo<br />

essencialmente a da vontade do médico e não a da sua afetividade. A<br />

sugestão, na escola de Nancy, permanecia uma sugestão imposta,<br />

autoritária, de tipo impessoal, na qual o sugestionador não se envolvia,<br />

colocando-se fora da relação que, no entanto, ele estabelecia entre si<br />

mesmo e seu paciente. A relação continuava uma relação de desigualdade.<br />

Quanto a isto, a situação não mudara muito, comparada com a que, na<br />

mesma época, prevalecia no que diz respeito à sugestão hipnótica. A<br />

principal clientela de Bernheim permanecia a mesma dos médicos<br />

hipnotistas: crianças ou gente pobre, operários e camponeses habituados à<br />

submissão e que aceitavam bem o tom naturalmente imperioso e autoritário<br />

que era o do chefe da escola de Nancy. As pessoas mais bem situadas<br />

repeliam esse tom. O que desejavam era "uma terapia para pessoas cultas",<br />

como observou Ellenberger: "um método não autoritário, que não<br />

entravasse em nada a liberdade individual, contentando-se com explicar ao<br />

paciente o que se passa em seu espírito"7.<br />

Foi isso que percebeu intuitivamente e com muita clareza um antigo<br />

discípulo de Bernheim, e que se tornaria um dos seus mais resolutos<br />

opositores, Dubois (de Berna) que, sob o nome de sugestão racional,<br />

procurou, em 1900-1910, dar os direitos que lhes cabem na psicoterapia, ao<br />

mesmo tempo à razão, à persuasão e, embora em grau menor, à relação<br />

afetiva entre o terapeuta e o seu paciente. Apesar de não ter compreendido<br />

o papel do inconsciente neste domínio, Dubois pelo menos discerniu este<br />

fato muito importante em matéria de sugestão, isto é, que, judiciosamente<br />

utilizados, a razão explicativa e o diálogo com o paciente podem ao mesmo

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