GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...
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muito mais considerável do que se quis admitir até o presente, nos meios<br />
psicana-líticos". Nenhum dos escritos posteriores a Jung mostra que ele<br />
tenha progredido na clarificação da noção de sugestão nem que, por outro<br />
lado, tenha renunciado, apesar de algumas das linhas acima citadas, ao<br />
anátema que lançou, quando houve ocasião, contra o uso da sugestão na<br />
psicoterapia.<br />
Em artigo publicado em 1935 na Schweizerische Erztezeiíung (número<br />
especial) censura a sugestão por só "oprimir e reprimir os sintomas... não<br />
afastando a causa10 da doença...Á experiência prática provou que a<br />
Tomada de consciência (pelo doente) dos conteúdos (patogênicos) ou dos<br />
processos psíquicos etiológicos constitui um fator de cura de eficácia bem<br />
maior do que a sugestão."11 "A conscientização pelo doente das causas<br />
patógenas... situa-se do lado oposto da terapia sugestiva."12<br />
Em LTiomme à Ia découverte de son ame, publicado em 1944, Jung<br />
escrevia: "A intervenção analítica se situa..., em relação à personalidade e à<br />
sua maturidade, em plano notoriamente mais elevado do que o plano da<br />
sugestão, uma espécie de meio mágico, que age na sombra, sem formular à<br />
pessoa a menor exigência de ordem moral. A sugestão é sempre um meio<br />
enganador," um simples expediente que, incompatível com o princípio do<br />
tratamento analítico, deve ser evitado nos limites do possível"14.<br />
Tudo parece entendido. A oposição de Jung à sugestão é irredutível.<br />
Mesmo admitindo, às vezes, sua existência no tratamento analítico, a<br />
sugestão continua um mal para ele, um mal inevitável talvez, mas cuja<br />
presença e efeitos se deve esforçar ao máximo para evitar.<br />
Entretanto, lendo-se determinados escritos de Jung como sua<br />
correspondência com Loy e em particular os trechos em que evoca o papel<br />
sugestivo da personalidade do médico na cura, não se tem a nítida<br />
impressão de que ele foi simultaneamente atraído e seduzido por esta<br />
sugestão em relação à qual demonstra tanto vigor e persistência em querer<br />
destruir?<br />
De fato, a atitude contraditória de Jung sobre o problema da sugestão<br />
parece-nos devida a uma confusão entre a sugestão direta do tipo da escola<br />
de Nancy e a sugestão indireta ligada à influência sugestiva da<br />
personalidade do médico, cuja realidade não parece muito contestável.<br />
Parece-nos, igualmente, que as contradições de Jung explicam-se de<br />
maneira mais geral por uma confusão constante entre sugestão positiva e<br />
sugestão negativa, entre sugestão autêntica, respeitadora da liberdade do<br />
outro, e aquilo que, usando de um neologismo, propomo-nos daqui por<br />
diante chamar de sugestionamento, processo coercitivo, no qual não é<br />
respeitada a liberdade do sugestionado, que é de fato manipulado pelo<br />
sugestionador, quer este esteja ou não consciente da constri-ção que<br />
exerce. Esta distinção entre os dois tipos de sugestão, distinção fundada<br />
sobre a liberdade, é fundamental. Dificilmente se poderia exagerar sua