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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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Freud praticou a hipnose com os seus clientes ocasionalmente a princípio,<br />

e sistematicamente a partir do fim de 1887. No começo, usava a sugestão<br />

direta sob hipnose. Depois, desde 1889, utilizou cada vez mais o método<br />

catártico de Breuer associado à hipnose, mas só em parte, porque desde o<br />

fim desse ano, ao que parece, mas com certeza a partir de 1892, Freud<br />

abandonou progressivamente a hipnose pelo mesmo método catártico de<br />

Breuer, porém praticado em estado de vigília.<br />

Por que esta evolução? Em nossa opinião, convém procurar as razões na<br />

escola de Nancy.<br />

Desde 1887, Freud demonstrara vivo interesse pelos escritos de Bernheim<br />

e pelo tipo muito especial de hipnose leve associada à sugestão, cujo<br />

iniciador tinha sido Liébeault; Bernheim sistematizou-o, antes de<br />

abandonar a hipnose para usar só a sugestão em estado de vigília.<br />

Em julho de 1889, Freud foi passar algumas semanas em Nancy, junto de<br />

Liébeault e Bernheim, para aperfeiçoar sua técnica de hipnotista.<br />

Sua permanência em companhia de Bernheim iria permitir a Freud dar um<br />

passo decisivo para a descoberta da psicanálise. Ouçamos o próprio Freud:<br />

"Bernheim demonstrou-nos que os pacientes que colocara em estado de<br />

sonambulismo hipnótico, e aos quais fizera praticar várias ações, tinham<br />

perdido apenas aparentemente a lembrança do que viram e viveram sob<br />

hipnose, e que seria possível despertar neles essa lembrança, em estado<br />

normal. Quando os interrogamos, uma vez despertos, sobre o que<br />

aconteceu, esses pacientes a princípio pretendem nada saber; mas se não<br />

cedemos, se pressionamos, se lhes asseguramos que eles podem lembrarse,<br />

então as lembranças esquecidas voltam, sem falta. Fiz o mesmo com os<br />

meus doentes. Quando eles diziam que não sabiam nada, eu afirmava que<br />

sabiam, que só precisavam falar; eu lhes assegurava mesmo que a<br />

lembrança que lhes viesse no momento em que eu colocasse a mão sobre<br />

suas cabeças era a certa. Desta forma consegui, sem aplicar a hipnose,<br />

saber dos doentes tudo o que era necessário para estabelecer a relação entre<br />

as cenas patógenas esquecidas e os sintomas que eram o resíduo delas"1.<br />

Este texto, do mais alto interesse (foi escrito em 1904 mas publicado só em<br />

1908), peimite-nos seguir os passos do pensamento de Freud e mostra a<br />

"alavanca" que foi para ele este ensinamento fundamental recebido de<br />

Bernheim: pode-se, em pacientes em estado de vigília (pouco importando<br />

na verdade que tenham sido ou não hipnotizados antes), despertar suas<br />

lembranças escondidas ou esquecidas e é possível fazer essas lembranças<br />

surgirem de novo, por simples sugestão, sem empregar a hipnose. A<br />

psicanálise saiu daí.<br />

Já se enumeraram longamente as razões que levaram Freud a abandonar<br />

progressivamente a hipnose a partir dos anos 1889--1892, e, em definitivo,<br />

desde 1896. Freud achava a hipnose inútil e pensava que é possível obter<br />

os mesmos resultados em estado de vigília, por simples sugestão. No texto

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