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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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o descrédito, e um descrédito duradouro, sobre a hipnose e a sugestão. Na<br />

Rússia isso não aconteceu. A aceitação da hipnose e da sugestão continuou<br />

depois de 1900 e mais ainda depois de 1917.<br />

A sugestão terapêutica praticada durante todos os anos 1920--1960 na<br />

União Soviética é uma sugestão que se pretende racional, de conformidade<br />

com o dogma oficial reinante. É uma sugestão em estado de vigília, de tipo<br />

autoritário, que deve muito a Bernheim (na União Soviética, nos anos 20,<br />

falava-se método Bernheim-Bechterev). Mas é também uma sugestão que<br />

assumiu habitualmente um caráter explicativo e persuasivo na linha da<br />

sugestão pela razão preconizada por Dubois. Sugestão de acordo com a<br />

razão, de fato, mas que vai bem além e só se torna realmente eficaz no<br />

silêncio desta última, como o reconheceu o próprio Bechterev pouco antes<br />

de sua morte, em 1927: "A sugestão (diferente da convicção)6 entra na<br />

consciência do homem, escrevia Bechterev7, não pela porta principal, mas<br />

pela porta de serviço, evitando o porteiro: a crítica... Desta maneira, sugerir<br />

consiste em enxertar mais ou menos diretamente no psiquismo de uma<br />

pessoa as idéias, os sentimentos, as emoções e outros estados fisiológicos,<br />

ou em outros termos, agir de maneira a abolir a crítica e o raciocínio; a<br />

sugestão deve ser considerada um enxerto direto, na esfera psíquica de uma<br />

pessoa, dos sentimentos, emoções e outros estados fisiológicos por<br />

intermédio da palavra e dos gestos, evitando-se a crítica e atenção do<br />

paciente".<br />

A sugestão, e também a hipnose, estão portanto em posição de honra na<br />

Rússia pós Revolução de Outubro. Desempenharri um papel tão<br />

importante na terapia das doenças mentais (concorrendo com o<br />

eletrochoque e a quimioterapia, também muito empregados na URSS), que<br />

Pavlov, o grande Pavlov, que figura como patriarca inspirador da<br />

psicologia russa e cujo prestígio é imenso na União Soviética, não deixou<br />

de se interessar, e cada vez mais, por uma e pela outra, e isso até a sua<br />

morte, em 1936.<br />

1. A EXPLICAÇÃO PAVLOVIANA <strong>DA</strong> HIPNOSE E <strong>DA</strong> <strong>SUGESTÃO</strong><br />

PELO REFLEXO CONDICIONADO<br />

Para Pavlov, a hipnose é um sono, um sono parcial. Tanto na origem deste,<br />

como na daquela, encontra-se um processo de iníbição, mais forte no sono<br />

do que na hipnose, pois nesta última a inibição se limita a certas partes do<br />

córtex. Na hipnose, uma parte do córtex vela e a outra dorme. Permanecem<br />

no córtex pontos acordados que permitirão a manutenção de uma relação<br />

exclusiva entre o hipnotizador e o hipnotizado. A hipnose se faz mais<br />

profunda na medida que, por irradiação, a inibição investe mais larga e<br />

profundamente as áreas corticais. O conjunto destas é atingido pela<br />

inibição? É o sono, cuja origem deve ser procurada ao menos em parte,<br />

segundo Pavlov, na fadiga da célula nervosa, fadiga que se traduz pelo

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