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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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mesmo, esse homem, na pessoa do terapeuta, coloca-se, humildemente,<br />

realisticamente, à escuta da natureza.<br />

Esta mudança de atitude do terapeuta em relação à terapia completa-se<br />

com outra renovação, também fundamental: a da relação terapêutica entre<br />

o analista e o analisado.<br />

Inicialmente, Jung enfatiza bastante o papel essencial desempenhado pela<br />

personalidade do médico em todo tratamento psicoterapêutico, seja qual<br />

for o método empregado. "O maior fator terapêutico da psicoterapia reside<br />

na personalidade do médico... Seu método é elels... Coroamento de uma<br />

longa experiência, ela deve comportar uma virtuosidade que só pode ser<br />

fruto de lenta maturação"19. "A técnica aplicada é, em larga medida,<br />

indiferente, porque a cura depende menos do método empregado do que da<br />

personalidade de quem o emprega. É o médico, e não uma técnica, quem se<br />

afirma em face do doente"20. A personalidade e a atitude do médico21 têm<br />

importância determinante na terapia"22. "A atitude23 do psicoterapeuta<br />

tem infinitamente mais importância do que suas teorias e seus métodos<br />

psicológicos".<br />

Os pontos de vista de Jung, que são antes de tudo os de um prático,<br />

afastam-se aqui fundamentalmente dos de Freud, em quem sempre<br />

prevalecia largamente o teórico. Para o mestre de Zurique, como para o de<br />

Viena, a transferência sobre a pessoa do médico desempenha decerto um<br />

papel capital. Mas onde se confirma de maneira gritante a diferença entre<br />

as duas concepções é quando Jung esclarece o conteúdo da transferência e<br />

opõe a sua própria concepção à do pai da psicanálise.<br />

Na ótica de Jung, não se trata absolutamente de uma projeção eróticoinfantil,<br />

mas de uma "ligação" (muito significativamente, Jung prefere este<br />

termo ao de "transferência") que se estabelece na igualdade entre os dois<br />

protagonistas, ou ao menos que tende para a igualdade e ao diálogo entre<br />

adultos.<br />

Jung assim define a ligação: "A ligação, isto é, as relações de confiança da<br />

qual vai depender o sucesso terapêutico... O doente só atingirá sua<br />

segurança íntima, prossegue Jung, por intermédio da segurança de suas<br />

relações com a pessoa do médico"25.<br />

À relação de desigualdade entre analista e analisado que, segundo Jung, faz<br />

da psicanálise freudiana uma terapia de sugestão (para Jung, já o sabemos,<br />

sugestão é igual a relação de senhor a escravo, de dominante a dominado)<br />

o mestre de Zurique opõe um tipo bastante particular de ligação, cujo perfil<br />

ele esclarece da seguinte forma:<br />

"A ligação do médico com o seu paciente é uma relação pessoal, no quadro<br />

impessoal de um tratamento médico... Em todo tratamento psíquico real, o<br />

médico exerce influência sobre o seu doente. Mas esta influência só pode<br />

se dar quando ele mesmo é afetado por seu doente. Ter influência é<br />

sinônimo de ser afetado... O médico figura tanto quanto o doente na

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