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GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...

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aberto, se interessava muito. A obra publicada por Freud em 1900 sobre a<br />

Interpretação dos Sonhos despertou extremamente a curiosidade de Jung.<br />

Leitor cada vez mais assíduo das subseqüentes publicações de Freud, Jung<br />

troca com ele, desde 1906, uma primeira correspondência que logo se<br />

tornaria amigável e entusiasta de parte a parte. Em 1907, Jung, então com<br />

trinta e dois anos, foi a Viena para encontrar-se com Freud, dezenove anos<br />

mais velho do que ele.<br />

O encontro com Freud convenceu-o a abandonar a hipnose, cujo valor<br />

terapêutico há certo tempo, na verdade, já tinha começado a pôr em<br />

dúvida. Jung censurava a hipnose por só apagar, e muito provisoriamente,<br />

os sintomas, sem que fossem identificadas e muito menos eliminadas as<br />

causas profundas da doença. Um outro motivo impeliu Jung a abandonar a<br />

hipnose: o medo que tinha, como Freud uns dez anos antes, de ser<br />

pessoalmente objeto de "transferências selvagens" e incon-troláveis da<br />

parte de alguns dos seus pacientes, muito evidentes quando saíam do<br />

estado hipnótico. Quanto à sugestão, Jung sem dúvida herdara algumas<br />

prevenções nutridas contra ela por Janet, com quem Jung fora estudar em<br />

La Salpêtrière, em Paris, no inverno de 1902-1903. Lembremo-nos de que,<br />

para Janet, sugestibilidade era sinônimo de estado patológico e de<br />

desintegração rnental.<br />

Ganho definitivamente por Freud para a causa da psicanálise, Jung não<br />

abandonou somente a hipnose juntamente com a sugestão da escola de<br />

Nancy, a partir de 1907, mas também — ao menos ele o achava — toda<br />

espécie de sugestão. A terapia sugestiva tornou-se para ele uma espécie de<br />

bete noire contra a qual nunca eram suficientes o desprezo e os sarcasmos.<br />

A sugestão, "processo mágico", dizia ele, no qual o terapeuta desempenha<br />

o papel de "feiticeiro". Além disso, mesmo que a sugestão cure (e ele pôde<br />

se convencer disso em sua prática médica) Jung aceitava muito mal que ela<br />

curasse sem que ele estivesse em condições de entender por que isso<br />

acontecia. A este respeito, Jung, explorador do inconsciente, continuava<br />

um terapeuta da tomada de consciência racional. É pelo menos o que ele<br />

queria, o que ele gostaria de ser. Entretanto, os fatos se dobram mal a esta<br />

aspiração e recalcitram, encerrando Jung em contradições evidentes.<br />

A correspondência trocada, no começo de 1913, entre Jung e seu colega<br />

suíço, o doutor Loy, médico e psiquiatra, diretor do sanatório Abri, em<br />

Montreux2, ilustra bem as obscuridades e o que se deve muito bem chamar<br />

de inconseqüências do pensamento de Jung sobre o problema da sugestão.<br />

Em sua primeira carta a Jung, datada de 12 de janeiro de 1913, Loy coloca<br />

logo de início e de forma bastante clara o problema da sugestão:<br />

"Empregando-se de maneira conseqüente não importa qual método<br />

terapêutico, a fé que nele deposita o doente, juntamente com a confiança<br />

que tem em seu médico, não constituem sempre as causas essenciais do<br />

êxito?"

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