GNOSE ALEM DA RAZÃO O FENÔMENO DA SUGESTÃO JEAN ...
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CAPITULO XI<br />
Do bom e do mau<br />
uso da sugestão nos meios de<br />
comunicação contemporâneos<br />
1. A <strong>SUGESTÃO</strong>.COLETIVA<br />
A sugestão coletiva é um fenômeno de todos os tempos, quer se trate de<br />
sugestão exercida diretamente, sobre ou pelos grupos e multidões, quer se<br />
trate destes grupos e destas multidões como simples fatores de ressonância<br />
e de amplificação do fenômeno sugestivo. Mas o que é novo e sem<br />
precedente na história da humanidade é, ao mesmo tempo, a amplitude<br />
adquirida pela sugestão coletiva nas sociedades modernas, sociedades de<br />
massa, e o tom sistemático, deliberado, cada vez mais "científico" (na<br />
verdade mais sistemático do que realmente científico) dado à sugestão<br />
coletiva por aqueles que fazem uso dela para influenciar e dominar os<br />
espíritos. O que é novo também são certos meios modernos de sugestão<br />
coletiva: os meios de comunicação.<br />
É colocando-se contra a corrente da sugestão coletiva, e lutando contra ela<br />
com coragem e tenacidade, que o indivíduo conseguirá mais<br />
freqüentemente suas vitórias mais decisivas no plano da vida. A sugestão<br />
coletiva é o exterior e é a determinação pelo exterior. Uma determinação<br />
que pesa tanto mais fortemente sobre nós quanto de ordinário não estamos<br />
conscientes dela e nem mesmo suspeitamos de sua existência. Quer se trate<br />
do nosso ambiente no amplo sentido da palavra, econômico, social e<br />
cultural, da nossa profissão ou da nossa educação familiar, da instrução<br />
que recebemos ou ainda dos valores morais da sociedade em que vivemos<br />
ou dos grupos mais restritos a que pertencemos, tudo isso exerce uma forte<br />
sugestão sobre nós, e em geral sem que saibamos.<br />
Tais aspectos da sugestão coletiva são formas generalizadas, quase<br />
universais mas difusas, do fenômeno sugestivo. Quando coletivo, o<br />
fenômeno sugestivo pode assumir aspectos bem mais claros, ao intervir por<br />
exemplo o fenômeno do "homem na multidão", a cujo estudo se dedicaram<br />
em particular certos autores alemães, de um século para cá.<br />
Unidos por uma determinada circunstância cie ordem emocional, com forte<br />
matiz afetivo, como sublinha Püll1, os indivíduos "em multidão" são<br />
intercambiáveis. A forte emotividade da multidão vai de par com "a<br />
indiferença muitas vezes observada, e mesmo a frieza emocional, nas<br />
relações dos membros de uma multidão entre si... Ela não oferece um<br />
clima favorável à camaradagem e à amizade"2. Como nota ainda Püll,3<br />
quando se fala de sugestão coletiva a propósito da multidão, convém<br />
distinguir o poder de sugestão que dela emana, sua ação sugestiva, e,<br />
inversamente, a predisposição da multidão à sugestão, sua sugestibi-lidade,<br />
"a rapidez e a facilidade com que sucumbe às sugestões"4. Há dois