15.05.2013 Views

Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

monarquias peninsulares. Estas são as forças que buscam dar uma nova or<strong>de</strong>nação ao<br />

mun<strong>do</strong>, basea<strong>do</strong>s na "releitura" e na readaptação da teologia medieval, que insistem em<br />

uma concepção <strong>de</strong> mun<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> em <strong>do</strong>gmas e explicações provi<strong>de</strong>ncialistas. Este<br />

"refluxo" histórico estava presente e atuante na Península e no Novo Mun<strong>do</strong>, nos tempos <strong>de</strong><br />

Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza. Contu<strong>do</strong>, estas mesmas forças atuam com re<strong>do</strong>bra<strong>do</strong> ânimo no<br />

panorama americano <strong>do</strong> século XVI, tecen<strong>do</strong> e moldan<strong>do</strong> a face oci<strong>de</strong>ntal <strong>do</strong> Novo Mun<strong>do</strong><br />

que não está imune à influência Jesuítica e o seu i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> evangelização como forma <strong>de</strong><br />

salvação da alma <strong>do</strong> elemento gentio e como forma <strong>de</strong> preparação para civilizá-lo, torná-lo<br />

apto para ser inseri<strong>do</strong> como força <strong>de</strong> trabalho na nova dinâmica assumida pela economia<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto que mais tar<strong>de</strong> seria <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> mercantilismo. A Inquisição atua<br />

um como um instrumento <strong>de</strong> repressão e vigilância <strong>do</strong>s hábitos e idéias <strong>do</strong>s fiéis e <strong>do</strong>s<br />

recém conversos, sen<strong>do</strong> ela própria uma reedição maquiada <strong>do</strong>s instrumentos <strong>de</strong> opressão<br />

que operaram no quadro medieval.<br />

Este conjunto <strong>de</strong> fatores atua <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>cisiva e simultânea sobre o pensamento<br />

<strong>do</strong> homem comum, que primeiro veio para colonizar as terras <strong>do</strong> Brasil e dar início ao<br />

longo processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> que viria a ser mais tar<strong>de</strong> o Brasil, país soberano <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

contexto <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> Nacional.<br />

Daqui em diante, irei tentar extrair alguns trechos <strong>do</strong> testamento e da obra <strong>de</strong><br />

Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza que possam ser úteis para interpretar o pensamento <strong>do</strong> homem<br />

comum e realida<strong>de</strong> histórica <strong>do</strong> homem comum <strong>do</strong> século XVI, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> contexto Ibérico.<br />

Se possível, <strong>de</strong>monstrar a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo específico <strong>de</strong> homem mo<strong>de</strong>rno e como<br />

ele se diferencia e se aproxima da mentalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais tipos <strong>de</strong> homens europeus e<br />

mo<strong>de</strong>rnos que através <strong>de</strong> generalização é <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> <strong>de</strong> "O Homem Oci<strong>de</strong>ntal".<br />

Através da leitura <strong>de</strong>ste trecho, po<strong>de</strong>-se notar que o autor é um observa<strong>do</strong>r atento e<br />

<strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> aguçada. Contu<strong>do</strong>, não parece ser o único, ele cita mareantes e filósofos<br />

que também estão estiveram atentos aos mistérios que se manifestam na natureza e que<br />

tentam <strong>de</strong>svendá-la buscan<strong>do</strong> uma relação <strong>de</strong> causa e efeito para os fenômenos naturais. Ou<br />

seja, o racionalismo <strong>de</strong>ve ser o instrumento utiliza<strong>do</strong> para interpretar a realida<strong>de</strong>. 14<br />

14 SOUZA, op. Cit .p.133.<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!