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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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o que foi escrito por Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza em “Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo <strong>do</strong> Brasil em 1587”<br />

no C A P Í T U L O CLXXVII, e transcrito por Gilberto Freyre 60 :<br />

se amancebaram na terra, on<strong>de</strong> morreram, sem se quererem tornar para a França, e viveram como<br />

gentios com muitas mulheres, <strong>do</strong>s quaes, e <strong>do</strong>s que vinham to<strong>do</strong>s os annos à Bahia e ao rio <strong>de</strong><br />

Segeripe, em náos da França, se inçou a terra <strong>de</strong> mamelucos, que nasceram, viveram e morreram<br />

como gentios; <strong>do</strong>s quaes ha hoje muitos seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, que são louros, alvos e sar<strong>do</strong>s, e havi<strong>do</strong>s<br />

por indios tupinambás, e são mais barbaros que elles.<br />

Ainda segun<strong>do</strong> Freyre, haveria <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> franceses em outros pontos da costa<br />

(não especifica<strong>do</strong>s por Freyre), on<strong>de</strong> haveria abundância <strong>de</strong> Pau <strong>de</strong> tinta.<br />

É importante observar que tanto Freyre quanto Gabriel Soares, i<strong>de</strong>ntificam estes<br />

primeiros mamelucos, como elementos que se incorporam à organização social <strong>do</strong>s<br />

Tupinambás, e como tais são reconheci<strong>do</strong>s, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da origem genética. Deve<br />

ser observa<strong>do</strong> também que nem Freyre nem Gabriel Soares apontam para uma absorção<br />

<strong>de</strong>ste contingente <strong>de</strong> mamelucos pela organização social constituída pelos ditos cristãos,<br />

provenientes da Península Ibérica.<br />

Ao dialogar com outros autores da historiografia brasileira, Freyre faz referência a<br />

uma apropriação empreendida pelo autor <strong>de</strong> Retrato <strong>do</strong> Brasil, Paulo Pra<strong>do</strong> 61 , sobre a obra<br />

<strong>de</strong> Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza. Neste caso, Freyre se refere às impressões <strong>de</strong> pasmo e horror<br />

<strong>de</strong>ixadas pelos primeiros cronistas a respeito da moral sexual <strong>do</strong>s indígenas. Neste ínterim,<br />

para ilustrar a sensação <strong>de</strong> estupefação, Freyre recolhe o juízo <strong>de</strong> valor feito por Gabriel<br />

Soares sobre as manifestações sexuais <strong>do</strong>s Tupinambás, através da expressão: “são tão<br />

luxuriosos que não há pecca<strong>do</strong> <strong>de</strong> luxúria que não cometam”. Aliás, sobre a luxúria <strong>do</strong>s<br />

Tupinambás, o próprio Gabriel Soares em Trata<strong>do</strong> Descritivo <strong>do</strong> Brasil, <strong>de</strong>dica um capítulo<br />

inteiro ao tema, que recebe com Título: “Que trata da luxúria <strong>de</strong>stes bárbaros”. 62<br />

60 SOUZA, op. cit. p. 331.<br />

61 FREYRE, op. cit. p.169.<br />

62 SOUZA, op. cit. p. 308<br />

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