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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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abrangente, é sintética e marcada por uma prosa quase lacônica, que a assemelha a toda<br />

uma gama <strong>de</strong> mareantes e náufragos que <strong>de</strong>ixaram relatos e diários, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> á época <strong>de</strong><br />

Cristóvão Colombo, o que nos faz suspeitar sobre o seu grau instrução formal. Camões é<br />

apropria<strong>do</strong> e enalteci<strong>do</strong> pela cultura portuguesa enquanto Soares foi relega<strong>do</strong> ao <strong>de</strong>sprezo e<br />

con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> ao esquecimento em Portugal. Quase não é lembra<strong>do</strong> pelos estudiosos<br />

portugueses, mesmo em momento mais atual. Um exemplo disto é o trabalho <strong>de</strong> Antônio da<br />

Rosa Men<strong>de</strong>s - A vida Intelectual -, que chega mesmo a citar O Solda<strong>do</strong> Prático, <strong>de</strong> Diogo<br />

Couto (com suas lamúrias). Este autor analisa toda sorte <strong>de</strong> produção, mas parece<br />

<strong>de</strong>sconhecer seu conterrâneo (Gabriel Soares). Neste senti<strong>do</strong>, a obra <strong>de</strong> Soares é apropriada<br />

pelos estudiosos <strong>de</strong> "literatura brasileira" e em parte pelos historia<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Brasil, que<br />

apesar <strong>de</strong> terem ao menos consulta<strong>do</strong> a obra, raramente se propõem a analisá-la ou criticá-<br />

la (com exceção notória <strong>de</strong> Varnhagen e John Manuel Monteiro.), preferin<strong>do</strong> utilizá-la<br />

apenas para recortá-la nos trechos em que po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> apoio para o seu<br />

discurso, como po<strong>de</strong>mos observar em Sérgio Buarque <strong>de</strong> Hollanda em seu Raízes <strong>do</strong> Brasil.<br />

Contu<strong>do</strong>, boa parte <strong>do</strong> que é narra<strong>do</strong> no Trata<strong>do</strong> Descritivo <strong>do</strong> Brasil em 1587 é<br />

reproduzi<strong>do</strong> em boa parte das obras, sem que haja menção ao autor, como se parte <strong>do</strong> seu<br />

discurso já tivesse vira<strong>do</strong> lugar-comum, um conhecimento sabi<strong>do</strong> e indiscutível que<br />

dispensa maiores análises o comentários. Boa parte <strong>do</strong> material didático produzi<strong>do</strong> no<br />

Brasil, sobre o século XVI, parece repetir o conteú<strong>do</strong> da narrativa <strong>de</strong> Gabriel Soares <strong>de</strong><br />

Souza apenas com a utilização <strong>de</strong> outras palavras. A obra <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r paranaense Rocha<br />

Pombo 7 , não repete exatamente o conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> Soares, mas se assemelha em sua<br />

organização e foco <strong>de</strong> preocupações. A abordagem <strong>de</strong> Rocha Pombo é semelhante à <strong>de</strong><br />

Gabriel Soares, guardadas a distância secular entre os <strong>do</strong>is autores, ambos escrevem como<br />

“filósofos naturalistas", que procuram <strong>de</strong>monstrar uma <strong>de</strong>scrição da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

sistema único envolven<strong>do</strong> toda a complexida<strong>de</strong> da natureza perceptível. Só que neste<br />

senti<strong>do</strong>, Soares é mais filósofo <strong>do</strong> que historia<strong>do</strong>r, enquanto o segun<strong>do</strong> é mais historia<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> que filósofo. Muitos autores <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Heró<strong>do</strong>to, costumam inserir a <strong>História</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

contexto geográfico, contu<strong>do</strong> estes <strong>do</strong>is autores transcen<strong>de</strong>m em muito os <strong>de</strong>mais, talvez<br />

por já possuírem uma visão geográfica não <strong>do</strong> século XVI, XIX, ou início <strong>do</strong> XX, mas uma<br />

7 POMBO, Rocha. <strong>História</strong> <strong>do</strong> Brazil.Porto Alegre: Globo, 1935.v.1<br />

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