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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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sertões bem antes <strong>do</strong>s Ban<strong>de</strong>irantes paulistas, assim como havia o interesse régio em ocupar<br />

e povoar as regiões interiores <strong>do</strong> Brasil. As <strong>de</strong>terminações régias autorizavam o mesmo<br />

Gabriel a esten<strong>de</strong>r a conquista até as bandas atualmente conhecidas atualmente como Goiás<br />

e Mato Grosso. O que <strong>de</strong>monstra novamente o interesse da Coroa em realmente promover a<br />

conquista <strong>do</strong> interior, assim como revela que a Coroa possuía idéia da extensão interior <strong>do</strong><br />

Brasil.<br />

Quanto à formação das cida<strong>de</strong>s, é interessante observar como Hollanda dá<br />

preferências ao testemunho <strong>de</strong> fontes <strong>do</strong> século XIX, para interpretar o panorama <strong>do</strong> século<br />

XVI, quan<strong>do</strong> possuía a mão o testemunho <strong>de</strong> um homem <strong>do</strong> século XVI, quase<br />

contemporâneo ao evento. Vale a pena examinar a página 76 <strong>de</strong> raízes <strong>do</strong> Brasil e comparar<br />

com a página 129 <strong>de</strong> Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo <strong>do</strong> Brasil. Os testemunhos escolhi<strong>do</strong>s por Hollanda,<br />

ignorantes a respeito da historicida<strong>de</strong>, e conhece<strong>do</strong>res apenas, <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> urbanística<br />

já transmutada pelos séculos, entram em forte contradição com o relato daquele que chegou<br />

à cida<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong>zoito anos após sua fundação.<br />

O discurso <strong>de</strong> <strong>do</strong>minação <strong>de</strong> Gabriel Soares segun<strong>do</strong> a interpretação <strong>de</strong> John Manuel<br />

Monteiro. 34<br />

Na interpretação <strong>de</strong> Monteiro, o autor Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza teria monta<strong>do</strong> um<br />

quadro evolutivo que justificaria a <strong>do</strong>minação portuguesa, ou seja, os índios <strong>de</strong> cultura<br />

material mais avançada <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> “quadro evolutivo" teriam <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> a região <strong>do</strong> litoral, e<br />

os portugueses por sua vez, os mais adianta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste "quadro evolutivo/cultural"<br />

viriam a ocupar posteriormente este mesmo litoral, afastan<strong>do</strong> os índios mais adianta<strong>do</strong>s<br />

para o interior (Tupis), da mesma forma como estes haviam procedi<strong>do</strong> com seus<br />

pre<strong>de</strong>cessores mais atrasa<strong>do</strong>s (Tapuias). Embora a interpretação <strong>de</strong> Monteiro encontre<br />

respal<strong>do</strong> na realida<strong>de</strong> histórica, creio ser esta uma conclusão <strong>de</strong> um historia<strong>do</strong>r<br />

contemporâneo que analisa o passa<strong>do</strong> com conhecimento <strong>de</strong> causa, daquilo que é factual,<br />

mas <strong>de</strong> maneira bem improvável, estas intenções po<strong>de</strong>riam ter passa<strong>do</strong> pela cabeça <strong>do</strong> autor<br />

34 MONTEIRO, John M. As populações indígenas <strong>do</strong> litoral brasileiro no século XVI. In: Dias, Jill.<br />

(org.). Brasil nas vésperas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>rno. Lisboa: Comissão Nacional para as comemorações <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>scobrimentos portugueses, 1992, pp. 121-136.<br />

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